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Gravidez e vida profissional

O plano de Rhayssa Neves seria engravidar aos 30, mas a vida lhe proporcionou uma surpresa aos 24 anosO plano de Rhayssa Neves seria engravidar aos 30, mas a vida lhe proporcionou uma surpresa aos 24 anos - José Britto/ Folha de Pernambuco
Nos últimos dez anos, o número de mulheres que tiveram filhos acima do 30 anos no país aumentou 36%, segundo o IBGE. Esse resultado é uma característica significativa de uma sociedade em que mulheres estudam mais, trabalham mais e planejam a gravidez para um momento de carreira mais estável. O tipo de trabalho, a classe social e as condições de acesso à educação também são fatores que influenciam na decisão da mulher. Mas dá pra conciliar o trabalho e a gravidez? Engravidar é um risco para a vida profissional? De acordo com a ginecologista e obstetra Nicole Viana Leal, a gravidez não impossibilita a mulher de trabalhar. Mães e especialistas concordam, no entanto, que o planejamento reprodutivo assegura uma melhor forma de lidar com o período geracional.

De acordo com o artigo "Proteção da Mulher: direito individual e social à igualdade de condições no mercado de trabalho e ao direito à maternidade", as doutoras Grasiele Nascimento e Regina Villas Bôas salientam que as transformações culturais colocam a mulher participando de maneira intensa no mercado de trabalho, aumentando sobremaneira as suas tarefas, tanto domésticas, como as de cuidado com os filhos, como as do trabalho social. Seguindo essa lógica, Steffany Mota, cirurgiã dentista, pretende engravidar em 2021. “Ser mãe sempre foi um sonho pra mim, acredito que nasci com esse dom. Porém, vai além de dar à luz. Precisa -se de planejamento, amadurecimento e abnegação. Por isso a importância de esperar o momento certo”, explicou.


 
“A sociedade quer que trabalhemos como se não fôssemos mães e que sejamos mães como se não trabalhássemos", contou a especialista Nicole Viana Leal. Ela explicou que as fases da gravidez devem ser respeitadas no ambiente de trabalho, mas que não há momento da gravidez que impossibilite a mulher de trabalhar. No período de puerpério, a fase pós-parto, a mulher passa pela adaptação à vida de mãe e aos cuidados com a criança. Neste momento, o desempenho no trabalho poderia ser danificado, caso não houvesse a licença maternidade. Para Yasmin Guerra, agente de pesquisas e mapeamento do IBGE, que tem uma filha de 2 meses, a existência desse período permite que as mulheres continuem trabalhando após a maternidade. “Se não existisse a licença as mães teriam que abdicar da sua vida profissional. E, mesmo com ela, muitas abdicam", contou. Yasmin salientou que, por ser do serviço público, tem a licença garantida por seis meses, mas muitas mães não tem esse direito. "A recomendação da Organização Mundial de Saúde é aleitamento exclusivo até seis meses. Como é que uma mãe que só tem quatro meses de licença vai dar de mamar para seu bebê, exclusivamente leite materno, até seis meses?"

A médica Nicole Viana Leal explicou o planejamento reprodutivo

A médica Nicole Viana Leal explicou o planejamento reprodutivo - Crédito: José Britto/ Folha de Pernambuco

Pega de surpresa pela gravidez, Rhayssa Neves, influenciadora digital, grávida de 6 meses, gostaria de ter se preparado para a fase tão especial. "Se eu tivesse com uma estabilidade financeira melhor, e meu esposo mais bem encaminhado, a gente iria ter mais tempo para poder ficar com nosso filho. Não iria ter tanto que deixar com alguém, deixar em creche, para sair pra trabalhar”, explicou. Para ela, a maternidade se tornou mais fácil após os primeiros meses, por conta da superação dos enjoos e sua rede de apoio. “Meus pais amaram, eles queriam muito ser avós. Festejaram muito. Meu esposo também, meus amigos ficaram muito felizes, todos me apoiaram muito”, contou. Uma de suas preocupações, era a possibilidade de dificuldades financeiras, com seu afastamento do trabalho, mas até essa situação entrou em equilíbrio. “Hoje eu estou muito feliz, tenho certeza de que essa criança veio no momento certo e tudo tá caminhando bem", relatou.



Arte

Arte - Crédito: ilustração folhape/Lehi Henri

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