GWM Poer P30 a diesel estreia no Brasil por R$ 240 mil mirando Hilux, Ranger, S10 e Triton

A GWM ganhou destaque no Brasil ao apostar nos eletrificados, mas agora decidiu agradar um público que continua sendo o mais fiel e conservador do mercado automotivo: o das picapes a diesel. A marca chinesa, que acaba de inaugurar sua fábrica em Iracemápolis (SP), lança a Poer P30, sua primeira picape diesel nacional, mirando diretamente rivais de peso como Toyota Hilux, Ford Ranger, Chevrolet S10 e Mitsubishi Triton.

O cenário escolhido para o test drive não poderia ser mais apropriado: a convite da marca, viajamos até a cidade de São Francisco de Paula, na serra gaúcha, entre florestas de pinheiros e os arredores da Represa do Divisa, com trajetos asfaltados e trilhas off-road para colocar a novidade à prova e conferir se a Poer P30, na versão topo de linha Exclusive, tem força para balançar um segmento tão consolidado.

Presença que impõe respeito
A Poer P30 não chega para ser discreta. São quase 5,40 metros de comprimento e 3,23 m de entre-eixos, números que a colocam lado a lado com as rivais mais tradicionais. O design aposta em imponência: grade cromada, faróis modernos, rodas aro 19 e aquela postura de “cheguei” que o público do segmento adora.

Dentro, a surpresa é ainda maior. Ao sentar no banco do motorista, a impressão é quase de estar em um SUV de luxo. O acabamento macio ao toque, o painel de instrumentos digital de10,25 polegadas em Full HD, a multimídia generosa de 14,6 polegadas com Apple CarPlay e Android Auto chamam atenção logo de cara.

Ao entrar na cabine, a impressão é de estar em um SUV premium, inclusive com bancos elétricos com opção de ventilação e aquecimento | Foto: GWM/Divulgação

A ergonomia também é bem pensada. Os bancos do motorista e passageiro têm ajuste elétrico e parecem abraçar ao sentar. Ainda contam com ventilação e aquecimento que deixam a viagem mais confortável.

No silêncio da cabine, dá para quase esquecer que se está dirigindo uma picape robusta. Mas quando se pisa fundo, é possível ouvir o ronco discreto do 2.4 turbodiesel, o que faz a Poer P30 ser bruta e refinada ao mesmo tempo.

O pacote tecnológico também inclui câmera 360° para auxiliar nas manobras, ar-condicionado digital e freio de mão eletrônico. É o tipo de cabine que deixa os passageiros muito confortáveis, inclusive durante viagens mais longas.

A Poer P30 vem equipada com pacote ADAS completo, painel de instrumentos de 10,25 polegadas e multimídia de 14,6 polegadas | Foto: GWM/Divulgação

Força bruta com apelo tecnológico
O coração da Poer P30 é um 2.4 turbodiesel de 184 cv e 48 kgfm de torque, ligado a um câmbio automático que simula nove marchas. O desempenho agrada, e o 0 a 100 km/h fica pouco acima dos 11 segundos, com força suficiente para puxar até 3.100 kg e carregar 1 tonelada na caçamba de 1.248 litros.

No consumo, o modelo fica entre 8 km/l e 10 km/l, dependendo do pé do motorista. Para quem gosta de se aventurar fora do asfalto, o conjunto traz tração 4x2, 4x4 e até 4x4 Low, que encara lama, pedras e subidas com tranquilidade, embora a carroceria balance um pouco nos trechos mais acidentados.

Os ângulos também impressionam. São mais de 30° de entrada, 25° de saída e capacidade de submersão acima de 800 mm, o que garante segurança em travessias de rios e terrenos alagados.

O pacote de segurança não decepciona e conta com sistema de detecção de ponto cego, assistente de farol alto, sistema de centralização de faixa, alerta e frenagem de trânsito cruzado frontal e traseiro, frenagem de emergência em baixa velocidade, controle inteligente de velocidade, aviso de colisão traseira e controle de distância de estacionamento. O ADAS é bem calibrado e atua quando necessário sem ser invasivo.

A caçamba da Poer P30 tem capacidade para 1 tonelada, 1.248 litros de volume e pode rebocar mais de 3.100 kg, sem abrir mão de um visual sofisticado | Foto: GWM/Divulgação

E diante dos rivais?
Colocar a Poer P30 frente a frente com as líderes é inevitável. A Hilux ainda leva vantagem na tradição e no pós-venda consolidado, mas perde para a chinesa em tecnologia embarcada.

A Ranger impressiona pelo motor mais forte, porém custa mais caro em versões equivalentes.

A S10 continua sendo a picape do coração do brasileiro, mas já sente o peso da idade no design e no pacote tecnológico. Já a Triton tem proposta off-road interessante, mas carece da sofisticação que a Poer entrega.

A grande carta da GWM é justamente combinar o que cada rival tem de melhor: robustez, força de trabalho, conforto de SUV e conectividade de ponta.

E, para incomodar ainda mais a concorrência, também oferece 10 anos de garantia para motor, transmissão, eixos e vários outros componentes.

A segunda fileira da Poer P30 oferece conforto de sobra para os passageiros, com bom espaço para pernas, acabamento refinado e saídas de ar dedicadas | Foto: GWM/Divulgação

Produção nacional e aposta no Brasil
Diferente de algumas marcas concorrentes que importam os modelos, a GWM apostou alto na produção nacional.

A fábrica de Iracemápolis (SP), recém-inaugurada, representa um investimento de R$ 10 bilhões até 2032 e já garante empregos e cadeia produtiva local.

Isso mostra que a Poer P30 não é só uma aposta isolada, mas parte de uma estratégia de longo prazo para conquistar o consumidor brasileiro.

Vale a pena?
Na pré-venda, a Poer P30 Exclusive sai por R$ 240 mil (subindo para R$ 260 mil depois de 20 de setembro).

É um valor que a coloca diretamente no mesmo patamar das concorrentes, mas com mais equipamentos de série e a confiança extra da garantia estendida.

Durante o test drive, a sensação é de que Poer P30 entrega uma experiência completa. No asfalto, roda macia e silenciosa.

Na lama, tração eficiente e coragem para encarar desafios. Não é perfeita, já que o balanço da carroceria em terrenos mais irregulares pode incomodar os mais exigentes, mas mostra que a GWM não veio para brincar.

A pergunta que fica é: será que o público mais tradicional de picapes vai confiar em uma marca chinesa, mesmo com produção nacional? Se a resposta for sim, a Poer P30 tem tudo para balançar um dos mercados mais conservadores do Brasil.

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