Ministro negocia com BYD expansão da cadeia do lítio e produção de baterias no Brasil
Nova fábrica da greentech Camaçari será peça-chave no plano
O Brasil pode se tornar um dos grandes polos industriais da eletromobilidade fora da Ásia. Em missão oficial à China, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu com o vice-presidente da BYD para a América Latina, Oscar Su, para negociar novos investimentos da gigante chinesa no país, com foco na cadeia de baterias e na exploração nacional de lítio.
Leia Também
• Super e-Platform: BYD apresenta plataforma elétrica que promete ser a mais potente do mundo
• Omoda E5 e Jaecoo 7 chegam ao Brasil para disputar o mercado de SUVs eletrificados
• Novo Nissan Kicks entra em produção no Brasil com presença de Lula e fábrica renovada no RJ
Segundo Silveira, a BYD demonstrou interesse concreto em verticalizar sua operação no Brasil — saindo da montagem de veículos para participar diretamente da extração e beneficiamento de minerais estratégicos.
A proposta inclui parcerias com mineradoras locais para viabilizar a produção de baterias em solo brasileiro, reduzindo custos logísticos e fortalecendo a indústria nacional.
“A BYD fez um compromisso de investir na cadeia mineral brasileira. Com parcerias locais, a produção completa de baterias poderá ser feita no Brasil”, afirmou o ministro.
Cadeia do lítio
Bateria Blade usada pela BYD é feita com Fosfato de Ferro e Lítio (LFP), o que garante estabilidade térmica e alta segurança. | Foto: BYD/DivulgaçãoO encontro ocorreu em Shenzhen, sede global da BYD, em um momento estratégico: o Brasil possui reservas consideráveis de lítio — especialmente no chamado Vale do Lítio, no norte de Minas Gerais — e busca agregar valor à sua cadeia de fornecimento.
Ao mesmo tempo, a tensão comercial entre Estados Unidos e China amplia a importância do mercado brasileiro como destino preferencial de investimentos chineses no setor de alta tecnologia.
De acordo com Silveira, tanto a BYD quanto a Huawei estão prontas para “investir o que for necessário” em projetos de energia renovável e armazenamento no Brasil.
Fábrica em Camaçari será maior unidade da BYD fora da Ásia
Desde que chegou ao país, em 2014, a BYD tem expandido rapidamente suas operações. Hoje, conta com sete fábricas em funcionamento e uma oitava em construção: o Complexo Industrial de Camaçari (BA), que será a maior planta da marca fora da Ásia.
O investimento estimado é de R$ 3 bilhões, com foco em três frentes:
- Montagem de veículos elétricos e híbridos;
- Produção de chassis de ônibus;
- Fabricação de baterias.
O complexo deve gerar 5 mil empregos diretos e pode ser integrado à cadeia nacional de lítio e componentes, caso os acordos firmados com o governo avancem.
Brasil: mercado em expansão para veículos elétricos
O cenário é promissor. De acordo com a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o Brasil encerrou 2024 com mais de 150 mil veículos eletrificados leves em circulação — alta de 91% em relação a 2023.
A tendência de crescimento segue firme, impulsionada por incentivos fiscais, maior oferta de modelos e investimentos em infraestrutura de recarga. A expectativa do setor é que os veículos elétricos puros (BEVs) representem até 10% das vendas totais de automóveis no país até 2026.
Leilão de baterias e visita presidencial à China
O ministro Silveira adiantou ainda que o governo pretende realizar, no segundo semestre de 2025, o primeiro leilão público de baterias para armazenamento de energia. A medida visa estimular a industrialização local e atrair mais players globais para o mercado nacional.
A visita à China também prepara o terreno para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve assinar um memorando de entendimento com o governo chinês no próximo mês, formalizando a parceria na produção de baterias e tecnologias limpas.



