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Veículo como garantia de empréstimo?

Modalidade atrai pela promessa de juros baixos, mas exige atenção redobrada para não perder o bem

O carro usado como garantia da operação fica alienado à instituição financeiraO carro usado como garantia da operação fica alienado à instituição financeira - Freepik

Buscar crédito no mercado pode ser um desafio, especialmente em tempos de juros elevados e restrições orçamentárias. Nesse cenário, uma alternativa tem ganhado espaço entre os consumidores brasileiros: o empréstimo com garantia de veículo, também conhecido como crédito com alienação fiduciária.

A proposta parece tentadora: taxas menores, prazos mais longos e valores mais altos. Mas, afinal, vale mesmo a pena trocar parte da liberdade do seu carro por dinheiro no bolso?

Na modalidade, o automóvel é usado como garantia da operação e fica alienado à instituição financeira durante toda a vigência do contrato.

Na prática, isso significa que o veículo ainda pode ser utilizado normalmente pelo proprietário, mas pertence legalmente ao banco ou credora até a quitação total da dívida. Caso o tomador não pague as parcelas, o bem pode ser retomado.

Segundo Renata Dorico, gerente de Cobrança da Recovery, plataforma especialista em recuperação de crédito, a modalidade pode ser vantajosa desde que o cliente esteja bem informado e tenha planejamento financeiro.

“É possível conseguir taxas de juros significativamente menores e prazos mais flexíveis. Além disso, o valor liberado costuma ser maior do que em um empréstimo pessoal. Porém, o risco é alto: se houver inadimplência, o carro vai para leilão. O consumidor precisa ter plena consciência do compromisso que está assumindo”, alerta.

Como funciona o processo?
A contratação de um empréstimo com garantia de veículo segue etapas semelhantes às de outras modalidades, mas com algumas particularidades:

Simulação: o cliente consulta o valor que pode conseguir, prazos e taxas aplicáveis.

Solicitação: envio de documentos pessoais e informações do veículo.

Análise de crédito: a instituição avalia a capacidade de pagamento e o histórico financeiro do solicitante.

Avaliação do veículo: o bem é inspecionado e precificado – esse valor determinará o montante liberado.

Contratação: após aprovação, o contrato é formalizado e o veículo passa a estar alienado.

Vale ou não vale?
A principal vantagem está no custo. Como há uma garantia real envolvida, o risco da operação é menor para o credor, o que se reflete em taxas mais atrativas. Em comparação ao crédito pessoal ou rotativo do cartão, por exemplo, as condições são mais acessíveis.

Ainda assim, não significa que a operação seja isenta de encargos. Taxas administrativas, avaliação do bem, registro em cartório e seguros adicionais podem elevar consideravelmente o Custo Efetivo Total (CET).

Outro ponto de atenção é o valor do bem. O montante liberado depende diretamente da cotação de mercado do veículo. Modelos mais antigos ou com pouca liquidez costumam gerar limites menores de crédito.

E o alerta mais importante: a inadimplência pode resultar na perda do veículo. A retomada do bem é respaldada por lei por meio da alienação fiduciária, procedimento que não exige decisão judicial e pode ser acionado rapidamente.

Como em qualquer operação de crédito, o consumidor deve analisar com calma as condições, comparar ofertas e, principalmente, entender o que está em jogo. Afinal, quando o carro entra como garantia, ele deixa de ser apenas um meio de transporte e passa a ser também parte da negociação.

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