Veículo como garantia de empréstimo?
Modalidade atrai pela promessa de juros baixos, mas exige atenção redobrada para não perder o bem
Buscar crédito no mercado pode ser um desafio, especialmente em tempos de juros elevados e restrições orçamentárias. Nesse cenário, uma alternativa tem ganhado espaço entre os consumidores brasileiros: o empréstimo com garantia de veículo, também conhecido como crédito com alienação fiduciária.
A proposta parece tentadora: taxas menores, prazos mais longos e valores mais altos. Mas, afinal, vale mesmo a pena trocar parte da liberdade do seu carro por dinheiro no bolso?
Na modalidade, o automóvel é usado como garantia da operação e fica alienado à instituição financeira durante toda a vigência do contrato.
Na prática, isso significa que o veículo ainda pode ser utilizado normalmente pelo proprietário, mas pertence legalmente ao banco ou credora até a quitação total da dívida. Caso o tomador não pague as parcelas, o bem pode ser retomado.
Leia Também
• Carros com IPI zero já estão à venda: confira lista de modelos com preço a partir de R$ 67 mil
• Jeep Commander Overland 2.0 TD ainda vale a pena? Testamos o SUV antes da reestilização; confira
• Renault Boreal é revelado no Brasil e quer bater de frente com Compass e Corolla Cross
Segundo Renata Dorico, gerente de Cobrança da Recovery, plataforma especialista em recuperação de crédito, a modalidade pode ser vantajosa desde que o cliente esteja bem informado e tenha planejamento financeiro.
“É possível conseguir taxas de juros significativamente menores e prazos mais flexíveis. Além disso, o valor liberado costuma ser maior do que em um empréstimo pessoal. Porém, o risco é alto: se houver inadimplência, o carro vai para leilão. O consumidor precisa ter plena consciência do compromisso que está assumindo”, alerta.
Como funciona o processo?
A contratação de um empréstimo com garantia de veículo segue etapas semelhantes às de outras modalidades, mas com algumas particularidades:
Simulação: o cliente consulta o valor que pode conseguir, prazos e taxas aplicáveis.
Solicitação: envio de documentos pessoais e informações do veículo.
Análise de crédito: a instituição avalia a capacidade de pagamento e o histórico financeiro do solicitante.
Avaliação do veículo: o bem é inspecionado e precificado – esse valor determinará o montante liberado.
Contratação: após aprovação, o contrato é formalizado e o veículo passa a estar alienado.
Vale ou não vale?
A principal vantagem está no custo. Como há uma garantia real envolvida, o risco da operação é menor para o credor, o que se reflete em taxas mais atrativas. Em comparação ao crédito pessoal ou rotativo do cartão, por exemplo, as condições são mais acessíveis.
Ainda assim, não significa que a operação seja isenta de encargos. Taxas administrativas, avaliação do bem, registro em cartório e seguros adicionais podem elevar consideravelmente o Custo Efetivo Total (CET).
Outro ponto de atenção é o valor do bem. O montante liberado depende diretamente da cotação de mercado do veículo. Modelos mais antigos ou com pouca liquidez costumam gerar limites menores de crédito.
E o alerta mais importante: a inadimplência pode resultar na perda do veículo. A retomada do bem é respaldada por lei por meio da alienação fiduciária, procedimento que não exige decisão judicial e pode ser acionado rapidamente.
Como em qualquer operação de crédito, o consumidor deve analisar com calma as condições, comparar ofertas e, principalmente, entender o que está em jogo. Afinal, quando o carro entra como garantia, ele deixa de ser apenas um meio de transporte e passa a ser também parte da negociação.



