Inadimplência entre pequenas empresas atinge maior nível desde a pandemia
Especialista aponta falta de controle financeiro como principal causa do endividamento
Mais de 6,7 milhões de micro e pequenas empresas encerraram o primeiro semestre de 2025 com dívidas em aberto, segundo levantamento da Serasa Experian. O número representa o maior índice de inadimplência desde a pandemia e reflete o impacto do fluxo de caixa deteriorado, da alta nos custos operacionais e da queda na demanda.
Para o mentor empresarial e fundador do Grupo SM, Samuel Modesto, a raiz do problema está na fragilidade do controle financeiro. Ele afirma que muitas empresas não separam as contas pessoais das empresariais e deixam de acompanhar indicadores básicos de desempenho.
“O resultado é a perda de visibilidade sobre o caixa e a tomada de decisões baseada em intuição, quando o que se precisa é clareza de dados”, destacou o especialista, autor do livro Além dos Números.
Segundo o Sebrae, metade das empresas brasileiras fecha antes de completar cinco anos, sendo a má gestão financeira um dos principais fatores. Modesto reforça que práticas simples, como monitorar o fluxo de caixa diariamente, criar reservas de emergência e definir metas claras, podem reduzir significativamente o risco de endividamento.
“Sem planejamento e disciplina, qualquer instabilidade vira crise. O empresário precisa tratar finanças não como burocracia, mas como estratégia de sobrevivência”, disse.
O especialista ressalta ainda que o uso de ferramentas acessíveis, como planilhas automatizadas, aplicativos de gestão e softwares de baixo custo, pode garantir maior organização mesmo em negócios de pequeno porte.
“Não é sobre ter dezenas de métricas, mas sim os indicadores certos: fluxo de caixa, margem de lucro e ticket médio já fornecem um bom diagnóstico. Bons dados funcionam como bússola para decisões rápidas e mais conscientes”, completou.
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Embora o cenário seja desafiador, Modesto avalia que empresas que adotarem práticas financeiras consistentes ainda em 2025 poderão se fortalecer diante da instabilidade.
“Crescimento sustentável só acontece quando a casa está organizada. A disciplina financeira é o que garante fôlego para atravessar períodos de instabilidade e conquistar espaço no mercado”, afirmou.



