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Saiba sobre a carreira e as certificações do mercado financeiro

Eduardo Carvalho, planejador financeiro e Camila Haeckel, do Inspiração InvestEduardo Carvalho, planejador financeiro e Camila Haeckel, do Inspiração Invest - Divulgação

A Folha Finanças entrevistou Eduardo Carvalho, planejador financeiro CFP®️, pela Planejar, e especialista em investimentos CEA, pela ANBIMA. Ele foi convidado por Camila e Eduarda Haeckel, do Inspiração Invest, parceiros deste blog.

Eduardo fala sobre como começar a trabalhar no mercado financeiro, como obter as principais certificações para autorizar uma atuação no segmento, além do seu ponto de vista sobre a indústria de investimentos na região Nordeste.

Eduardo é formado em administração pela Universidade de Pernambuco (UPE), com MBA em gestão de marketing e vendas pelo CEDEPE. Ele atua com o ramo da assessoria de investimentos e gestão de patrimônio desde 2011, com passagem por instituições financeiras nacionais e internacionais de grande porte. Eduardo também é professor, ajudando a capacitar e certificar milhares de profissionais do mercado financeiro.

Confira a entrevista com Eduardo, e as dicas de como ingressar nesse ramo e como investir.

Como você iniciou sua carreira no mercado financeiro?

Sempre tive interesse pela área, estudava sobre bolsas de valores; investimentos; fazia alguns cursos, mas não tive contato profissional até 2011, quando concluí minha graduação. Eu estava buscando alguns processos de trainee ao terminar a faculdade, quando me deparei com uma vaga para trabalhar com investimentos no site de um banco, e que não exigia experiência, já que teríamos um programa de formação. Fui selecionado e durante o treinamento fui me identificando cada vez mais com esse mundo. Desde então tive certeza que queria seguir carreira no mercado.

Qual a porta de entrada para quem deseja trabalhar nesse mercado?  

Muita gente ainda acredita que apenas economistas, contadores ou administradores podem trabalhar no mercado financeiro, e esse é um ponto importante para esclarecer: o mercado atualmente não exige uma graduação específica, tanto que vemos muitas pessoas das áreas de engenharia, direito, e diversas outras formações que acabam se interessando e fazendo carreira no mercado financeiro.

Nesse segmento acredito que o caminho mais rápido para iniciar são as certificações. Além disso, se a pessoa procura uma função mais comercial ou mais técnica, serão necessárias também algumas habilidades específicas dessas atividades. Em momentos mais avançados da carreira, uma especialização ou cursos de aprofundamento sobre o mercado também podem ser importantes.

Por fim, assim como em diversas outras atividades, ter atitude, manter bons relacionamentos, e resiliência, são essenciais na busca pelo ingresso e ascensão na carreira, além da busca pelo conhecimento e qualificação constante.

Quais seriam as principais certificações e como obtê-las?

Existem diversas certificações, sendo algumas exigidas pelo órgão regulador, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para exercício de determinadas atividades, como a ANCORD (para agentes autônomos); CEA (consultores); CNPI (analistas); e CGA (gestores e administradores de carteira).

Existem também certificações de distinção ou que dentro das instituições servem de requisitos para certos cargos, como a CPA-10; CPA-20; CFP®️; CFA; e PQO. Tem várias outras, mas são principalmente voltadas para o mercado financeiro internacional ou algo muito específico.

Apesar dessa verdadeira “sopa de letrinhas”, basta uma pesquisa na internet para começar a entender um pouco mais acerca de cada uma delas. E nos nossos cursos também falamos sobre as principais, além de orientarmos os alunos sobre quais e como obtê-las, de acordo com seus objetivos de carreira. Muitas vezes, apesar de nem sempre haver exigência formal, sugerimos a busca por uma determinada certificação, com o intuito do profissional ter um diferencial na hora de procurar uma vaga ou uma promoção.

Quase todas as certificações são adquiridas através de provas teóricas. Algumas delas também exigem que o profissional seja graduado, possua experiência, ou faça algum tipo de atividade supervisionada quando ainda não trabalha na área.

Como você enxerga atualmente o cenário para quem trabalha ou deseja trabalhar no mercado financeiro?

O momento atual é bem interessante, de muitas mudanças e diversas oportunidades. Um dos termômetros que temos é o perfil de alunos que procuram para fazer nossos cursos de certificações. Em 2015, a maior parte do nosso público era de profissionais que já trabalhavam no mercado e estavam apenas buscando a certificação por exigência das instituições onde trabalhavam.

Isso vem mudando, principalmente nos últimos dois anos, e vemos hoje uma participação cada vez maior de pessoas que nunca trabalharam na área, muitos que acabaram de começar uma graduação, e até mesmo pessoas que não pretendem trabalhar no mercado, mas que estão em busca de conhecimento para uso pessoal. Além disso, também observamos que os profissionais também estão começando a buscar maior qualificação, procurando certificações mais robustas, mesmo quando elas não são necessárias para a função que exercem.

O mercado financeiro, e principalmente a indústria de investimentos, tem se transformado de maneira bastante rápida e intensa, e a pandemia desse ano parece ter acelerado ainda mais esse processo, assim como fez com diversos outros setores. As pessoas estão percebendo essa mudança e vendo que estão surgindo oportunidades, mas o nível de exigência e qualificação vem aumentando também. Enquanto muitos se preocupam com seus empregos e seus cargos, vemos muita gente já enxergando novos horizontes e correndo para se preparar. As mudanças serão ainda maiores nos próximos anos, tanto dentro das instituições tradicionais como nessa nova configuração do mercado, cada vez mais competitivo e qualificado.

E qual sua visão para a indústria de investimentos na nossa região?

De certa forma, o mercado financeiro reflete a economia real, então, se há desenvolvimento da economia, novos negócios, haverá também demanda por trabalho no mercado de capitais, tanto para financiar esse crescimento, como para realizar a alocação dos recursos das pessoas, na medida em que forem gerando riqueza.

Acredito que o núcleo da indústria financeira ainda continuará sendo o eixo Rio-São Paulo, mas a rápida expansão do mercado deve trazer um crescimento de oportunidades em todo o país. Temos um potencial enorme na nossa região, e vejo Recife como o centro financeiro do Nordeste. Tem aquela história que as pessoas que fundaram Nova York foram oriundas de Recife, logo acho que podemos acreditar que é possível que a “Veneza Brasileira” possa ser também a Wall Street do Nordeste.

Estamos cada vez mais empenhados em fazer a nossa parte, fomentando o mercado e buscando desenvolver e formar profissionais cada vez mais qualificados. Em breve pretendemos usar nossa expertise para preparar e conscientizar também o público investidor, dessa forma todo o mercado sai ganhando.
 

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