Alepe quer ser ponte entre a governadora e as prefeituras, não apenas espectadora
Raquel tenta mostrar força e reúne deputados dias depois de derrota na composição das comissões
Em uma tentativa de demonstrar força política e aparentando indiferença à derrota sofrida nas três principais comissões e na maioria dos 15 colegiados da Assembleia Legislativa de Pernambuco, a governadora Raquel Lyra (PSDB) reuniu 20 deputados e deputadas na assinatura da ordem de serviço para construção de 38 creches em 30 municípios.
Todos governistas. Ainda no Palácio do Campo das Princesas, almoçou com a maioria deles. No evento, 26 chefes do Executivo municipal, secretários e outros líderes políticos.
Mas os parlamentares não querem apenas prestigiar solenidades. Querem ser ponte entre a gestora e os prefeitos e prefeitas, mediar encontro entre eles. Desejam ser respeitados na condução do seu mandato.
Com 2026 batendo à porta, a reeleição é uma das preocupações dos legisladores. Esperam uma via de mão dupla na relação entre os dois Poderes. Acreditam que, depois da crise na composição das comissões, ainda é possível aprofundar o diálogo.
“A gente não está acostumado com a democracia. Essa legislatura tem um olhar diferente, há muitos ex-prefeitos, pessoas que sabem governar e têm experiência e, acima de tudo, não aceitam prato feito. Não acho ruim. É um momento rico”, exemplifica o deputado Luciano Duque (Solidariedade), duas vezes ex-prefeito de Serra Talhada, no Sertão, e um dos apoiadores do Governo Raquel Lyra.
No encontro de ontem, a governadora reforçou o que tem dito sobre o Legislativo: agradece a parceria, ressalta a aprovação de projetos e deseja olhar para frente. Mas uma parcela da Casa de Joaquim Nabuco continua inquieta e se sentindo à margem do processo. Os oposicionistas estão atentos.
Cem dias da oposição
O prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral (SD), estima levar até um ano para botar a casa em ordem. Está fazendo auditoria interna e vai encaminhar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE). Em vez do balanço dos 100 dias de gestão, serão 100 dias para relatar deficiências na saúde, educação, limpeza pública, contratos. “Não consigo concluir. Todo dia aparece uma denúncia.”
Postura
Uma posição mais clara em relação ao Governo de Pernambuco. É nisso que aposta o deputado Edson Vieira sobre o União Brasil, agora que o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho assumiu o comando da legenda no Estado. “Vamos dialogar mais e definir se somos independentes ou oposição”, disse à Rádio Folha.
Sem fome
Embora do PV, que integra o bloco governista, Gilmar Júnior não foi convidado para o almoço no Palácio ontem. O deputado se recusou a assinar a carta contra o presidente em exercício na Alepe, Rodrigo Farias (PSB), após a polêmica composição das comissões.
Reciprocidade
O deputado Luciano Duque abriu mão da vaga na Comissão de Saúde da Alepe para a deputada e médica Socorro Pimentel, contemplada pelo União só em um colegiado. Ontem, a líder do Governo lhe cedeu momento de fala em evento no Palácio sobre creches.



