Carreiras com Propósito: Como construir uma trajetória profissional em ESG e impacto social
Há vinte anos, tomei uma decisão que definiu minha vida profissional e pessoal: dedicar minha carreira a gerar um impacto positivo no mundo. Formada em Administração e tendo concluído minha pós-graduação em Gestão e Empreendedorismo Social pela USP em 2008, percebi cedo que meu propósito estava alinhado com uma carreira ainda pouco estruturada naquela época: trabalhar com impacto social e sustentabilidade.
Naquele tempo, as oportunidades profissionais focadas em ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) eram limitadas e ainda não estavam claramente definidas dentro das empresas e organizações sociais. Muitos colegas optaram por carreiras tradicionais em grandes corporações, o que tornava minha escolha incomum. Porém, eu acreditava que haveria espaço crescente para profissionais comprometidos com práticas sustentáveis e impacto social positivo.
Hoje, após duas décadas, é evidente que o cenário mudou consideravelmente. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, até 2025, a demanda por profissionais com habilidades em ESG aumentará substancialmente, acompanhada pelo crescimento de vagas específicas relacionadas a responsabilidade social e ambiental. Em 2022, 89% das empresas listadas no índice S&P 500 já publicavam relatórios de sustentabilidade, segundo pesquisa da Governance & Accountability Institute, refletindo uma clara e crescente preocupação com a gestão ambiental, social e de governança.
No Brasil, o avanço também é visível: segundo estudo da consultoria Robert Half publicado em 2023, 77% das empresas já consideram ESG um critério importante na contratação de executivos, e 68% dos líderes de RH afirmam que as competências socioambientais ganharam relevância nos processos seletivos. Ao mesmo tempo, aumentou em 43% o número de cursos e certificações oferecidos no país voltados à temática ESG nos últimos cinco anos, segundo levantamento da ABES (Associação Brasileira de Educação Sustentável).
O terceiro setor também amadureceu muito ao longo dos últimos anos, criando carreiras estruturadas e atraentes para profissionais preparados. Segundo o último Censo do IBGE sobre Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos, o setor emprega diretamente mais de 2 milhões de pessoas no Brasil, evidenciando seu potencial como área sólida e promissora para carreiras especializadas.
Por outro lado, é importante ressaltar que atuar em carreiras de impacto não significa apenas trabalhar com propósito; é também lidar com desafios complexos e contínuos, que exigem adaptação, criatividade e resiliência. Profissionais que desejam seguir essa trajetória devem estar preparados para um ambiente dinâmico e frequentemente desafiador, mas igualmente recompensador em termos de realização pessoal.
Para jovens e profissionais em transição interessados em ESG, a especialização técnica e o entendimento profundo das práticas e métricas desse setor são fundamentais. Não se trata apenas de seguir uma tendência, mas de participar ativamente de mudanças estruturais que impactam positivamente comunidades e meio ambiente.
Minha jornada de vinte anos nesse campo tem sido gratificante justamente porque os desafios enfrentados se converteram em aprendizados sólidos. Convido especialmente as mulheres, jovens ou experientes, a abraçar as oportunidades crescentes que essa área oferece, assumindo papéis ativos e essenciais na construção de um futuro sustentável e equitativo.



