A oportunidade do momento certo
O equilíbrio da decisão econômica quando o tempo bate à porta
O equilíbrio para pensar e decidir, ao se juntar à oportunidade do tempo que se faça necessário, julgo que sejam elementos importantes de nossas trajetórias de vida. Parece ser o ápice do racionalismo, que muitos humanos, vez por outra, insistem em não querer enxergar.
No bojo desse raciocínio, também entendo que estar no ambiente propício, para se exercer tal tomada de decisão, representa outro aspecto importante a ser considerado. Nesse particular, estar agora na aprazível cidade de Gramado, em plena sintonia com seu festival de cinema, favorece-me no compromisso de fortalecer o embalo que trata de um moderno segmento de enorme dimensão econômica: a produção de distintos modos de entretenimento.
E a bola da vez está na regulamentação de um produto, que hoje se configura como de enorme consumo na sociedade. Refiro-me à grandeza de uma demanda por conteúdos audiovisuais. De fato, a realidade do "streaming", presente nas formas atuais e variadas de se consumir filmes, séries ou outros conteúdos, representa algo de enorme significância econômica. Seja pelo fluxo real da mobilização de fatores de produção, exercido pelas plataformas digitais. Seja pelo fluxo nominal ditado pelo volume financeiro que movimenta nesse mercado especial, a oferta e demanda por conteúdos gerais.
Pois bem, estar no ambiente do Festival de Gramado e daqui ouvir todas manifestações que têm-se avolumado, em nome de uma regulamentação, tem todo sentido. Não é só pela garantia de geração de rendas e empregos, possibilitada por uma produção nacional que tem mérito e reconhecimento internacionais. Isso é vital e está claro na proposição de se fixar uma cota que garanta o espaço dos conteúdos brasileiros. É também por questões que vão da autoralidade das obras e, até mesmo, ao sentido de que essa decisão passa pelo exercício de soberania.
Vale considerar sobre esses pontos, dois aspectos vitais. Primeiro, que a questão do direito autoral, tão pouco considerada e valorizada, representa uma variável que dá o real sentido econômico. É algo similar ao papel da "patente industrial" para o segmento tradicional da indústria. Segundo, porque nestes tempos de agressão à soberania, garantir a sustentabilidade do audiovisual brasileiro é algo que reflete o papel crucial da identidade cultural. A nossa riqueza e diversidade têm enorme valor e, por isso, pedem passagem diante de um esforço universal de homogeneizar a cultura.
Tinha razão Aldir Blanc na sua eternizada obra musical "Resposta ao Tempo". Afinal, "ele bate na porta" e registra que "sabe passar e nós não sabemos".



