Uma resposta de vira-latas
Chegou a hora de Pernambuco mostrar seu valor
1994. Talvez um dos anos mais emblemáticos de minha trajetória pessoal e profissional. De lá para cá, entre experiências, feitos e conquistas, extraio agora duas situações correlatas, apesar de suas aparentes distinções.
Numa primeira linha, evidencio minha passagem como secretário estadual, cargo este que me colocou diante do cotidiano da economia de PE. Noutra linha, realço a oportunidade proporcionada por tal função pública, onde comecei a compreender a cultura e o audiovisual como setores de uma economia ainda invisível para a maioria da sociedade.
Diante desses pontos preliminares, senti-me imbuído de avançar numa conexão pouco provável entre aquelas duas linhas. Diria, com baixa margem de erro, que seria uma tarefa insólita, diante de desconfianças e até incompreensões. Sobre este lado reativo de pouco estímulo, prefiro não enfatizá-lo aqui. Vou optar por seguir na outra linha, na qual me parece que as conquistas foram bem alcançadas, de acordo com minha obstinação.
Se em 1994 sai daquele status de gestor público da área do desenvolvimento econômico, quando o embate na economia era a promoção industrial mais convencional, mirar hoje noutros produtos que agregam valor e transformam o rito e o ritmo, reflete mesmo outra realidade.
Minha decisão de apostar no audiovisual, ainda antes da virada do século, parece hoje mostrar que o velho "vira-latas" teve seu papel de relevância. Seja no mundo das preferências sobre as espécies caninas. Ou mesmo, numa outra direção, de resistentes empreendedores culturais, que abraçam seus negócios com ampla responsabilidade e fidelidade canina. Nas duas situações, ressalvo a força da identidade. Nada tão brasileiro quanto os simpáticos cãozinhos vira-latas, como o "vira-latismo" assumido, que dá sentimento à riqueza e pluralidade da nossa cultura.
De alguma forma, a opção por resistir 30 anos com o audiovisual trouxe, pelo mais simples dos olhares, algum impacto germinativo para a cadeia econômica do audiovisial. Particularmente, o sucesso internacional das produções de pernambucanos tem sido algo capaz de traduzir esse sentimento vitorioso.
A arte de Marianna, Kleber, Gabriel e muitos outros bem expressam que chegou a hora de PE mostrar seu valor. E que a força identitária do "vira-latas" pode contribuir para os novos conceitos que mexem com a dinâmica econômica da nossa terra.



