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Saúde e bem-estar

Desnutrição cai, mas obesidade infantil cresce e se torna a maior forma de má nutrição

Confira no artigo do médico Rafael Coelho: uma em cada cinco crianças ou adolescentes do mundo está acima do peso

O combate à obesidade infantil requer reeducação alimentarO combate à obesidade infantil requer reeducação alimentar - Canva

Confira no artigo do médico Rafael Coelho: pela primeira vez, a obesidade infantil supera a desnutrição como a principal forma de má nutrição no mundo. Segundo o Unicef, mais de 391 milhões de crianças e adolescentes estão acima do peso – 188 milhões delas já com obesidade. No Brasil, os índices triplicaram nas últimas duas décadas, enquanto a desnutrição caiu para 3% da população infantil. Especialistas apontam que o avanço está relacionado ao consumo de ultraprocessados, excesso de açúcar em refrigerantes, alto teor de sódio em salgadinhos e ao sedentarismo agravado pelo tempo excessivo diante das telas. O fenômeno traz impactos não apenas físicos, mas também emocionais. No artigo, discutimos as causas, os riscos e os caminhos para enfrentar esse desafio de saúde pública.


Uma em cada cinco crianças ou adolescentes do mundo está acima do peso, o que representa cerca de 391 milhões de indivíduos. Quase metade delas, 188 milhões, já apresenta obesidade. Pela primeira vez na história, o excesso de peso grave superou a desnutrição como a maior forma de má nutrição infantil. O alerta é do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que chama a atenção para o risco de adoecimento precoce dessa geração. O relatório da organização, que reúne dados de mais de 190 países, mostra que, enquanto a desnutrição caiu de quase 13% para 9,2% entre 2000 e 2025, a obesidade mais que triplicou, passando de 3% para 9,4%. A exceção ocorre apenas na África Subsaariana e no Sul da Ásia, onde a desnutrição ainda prevalece. No Brasil, essa virada aconteceu há algumas décadas: em 2000, 5% das crianças e adolescentes eram obesas contra 4% desnutridas. Até 2022, a obesidade infantil triplicou (15%) e o sobrepeso dobrou (36%), enquanto a desnutrição caiu para 3%.

O peso dos ultraprocessados e do açúcar 

O avanço da obesidade infantil não pode ser dissociado da transformação dos hábitos alimentares. A presença maciça dos alimentos ultraprocessados, ricos em calorias, mas pobres em nutrientes, passou a compor grande parte da dieta de crianças e adolescentes. Refrigerantes, sucos artificiais, biscoitos recheados, salgadinhos e fast food se tornaram escolhas frequentes. O excesso de açúcar, em especial nas bebidas açucaradas, é um dos grandes vilões. Uma lata de refrigerante pode conter até dez colheres de chá de açúcar, quantidade que ultrapassa a recomendação diária de consumo. Já o sódio em excesso presente nos salgadinhos e snacks industrializados aumenta o risco de hipertensão desde cedo.

Sedentarismo e telas:

Um ciclo de riscos - outro fator crítico é o tempo excessivo diante das telas. Crianças passam horas em celulares, tablets e videogames, reduzindo o espaço para brincadeiras ativas e atividades físicas ao ar livre. Essa rotina sedentária contribui não apenas para o ganho de peso, mas também para questões mentais e emocionais, como ansiedade, compulsão alimentar, baixa autoestima e dificuldades de socialização.

Caminhos para a mudança - enfrentar esse cenário exige ações em múltiplos níveis:

O desafio do século:

Se antes a desnutrição era a grande preocupação, hoje a obesidade infantil se tornou o novo retrato da má nutrição global. Trata-se de um problema complexo, que envolve indústria alimentícia, sociedade, saúde pública e família. Mas também é um desafio que pode ser revertido com educação, políticas consistentes e mudanças de hábitos coletivas. Cuidar da infância é investir em uma geração mais saudável, capaz de quebrar o ciclo da má nutrição, seja ela por falta, seja por excesso.


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