Eleito melhor jogo brasileiro de 2023, Bloodless conta com desenvolvedores pernambucanos; conheça
Game continua em desenvolvimento e foi premiado durante o Big Festival 2023
Cinco amigos, uma ideia e muito gosto por jogos eletrônicos. Foi assim que surgiu o estúdio de jogos indie brasileiro Point N' Sheep, que tem focado no desenvolvimento de títulos que misturam a nostalgia dos games clássicos, com mecânicas modernas e enredos envolventes. Dessa junção, surgiu Bloodless, um game que traz ação e aventura na terra fictícia de Bakugawa, eleito Melhor Jogo na categoria Brasil do BIG Festival 2023, maior festival de games na América Latina.
A premiação aconteceu na última sexta-feira (30), e teve, entre os vencedores, o jogo What Lies in the Multiverse, do chileno IguanaBee & Studio Voyager, na categoria Melhor Jogo: América Latina.
Na equipe do game, estão os pernambucanos Danilo Freire (Co-Diretor), Filipe Augusto (Compositor e sound designer) e Renato Queiroz - Designer de narrativa, além de Antônio Harger (Co-Diretor) e Leona Clarc (Diretora de arte), dos estados de Rondônia e Minas Gerais, respectivamente.
Jogo esteve disponível durante o Big Festival 2023. Foto: Point N' Sheep/CortesiaO blog de Tecnologia e Games conversou com parte do time para saber as sensações de conquistar um prêmio tão importante para a indústria brasileira, além de saber um pouco mais sobre o jogo.
"A gente não tinha expectativa de ganhar o primeiro lugar. Inscrevemos o jogo [Bloodless] com intenção de tentar dar um passo além, lançar um projeto para lançar no mercado no futuro. A gente precisava do investimento (ainda precisamos) e lá [no Big Festival] pudemos aprender o que precisamos para lançar o game", contou Danilo Freire.
A equipe estabeleceu que Bloodless seria seu carro-chefe após participar de diversos eventos em que as amostras do game eram sempre elogiadas pelo público. "Quando a gente fez o Bloodless, recebemos muito feedback positivo e sempre [quando parávamos] voltávamos para ele", disse Renato Queiroz.
Quando surgiu a oportunidade de participar da seletiva, mesmo sem esperar chegar ao pódio da premiação, os amigos resolveram deixar o game ainda mais polido, como a expectativa de causar uma boa impressão nos jurados.
"Mesmo sem expectativa, pensamos, vamos trabalhar como se a gente tivesse chance de ganhar", revelou Antônio Harger, e deu certo.
Ao todo, o Big Festival contou com 110 jogos indicados em diversas categorias, que estavam disponíveis para serem testados pelo público durante o evento.
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Um game, várias etapas da vida real
Na história de Bloodless, o jogador assume o controle de Tomoe - uma ex-capitã do exército do shogun que se tornou um ronin (uma espécie de samurai andarilho) depois de ver muito derramamento de sangue e perder sua irmã em batalha enquanto servia ao comandante. Ela abandonou sua nação natal, Bakugawa, e vagou pelo mundo por quase 20 anos.
A missão do jogador começa com o retorno da personagem a Bakugawa para confrontar seu passado, descobrindo que os problemas que a afastaram ainda permanecem, seu objetivo passa a ser instaurar a paz naquele universo violento.
Jogo Bloodless ganhou na categoria Melhor Jogo: Brasil, durante o Big Festival 2023. Foto: Point N' Sheep/DivulgaçãoA ideia surgiu em 2019, depois de criar um protótipo do jogo e exibi-lo em festivais de gamedev o grupo chegou ao que se tornou Bloodless hoje, com referências de games como Sekiro e Hollow Knight. Mas engana-se quem acredita que o caminho para tornar um jogo real e pronto para o mercado é simples.
Uma das queixas do compositor Filipe Augusto é justamente a falta de incentivo do Estado na fomentação do mercado de games em Pernambuco.
"A questão de você representar o seu estado é massa, mas é complicado, principalmente, porque o estado não faz nada. [Não há] Investimento, visibilidade. A gente [os pernambucanos] quer falar, mas não quer ajudar. Temos capacidade de 'tankar' qualquer país em desenvolvimento de games, mas não temos investimento", queixa-se.
O grupo explica que, para lançar um jogo autoral no Brasil, o caminho é complexo, principalmente levando em consideração o contexto pernambucano, que mantém uma tradição na capacitação de profissionais para o mercado de games, mas não possui empresas que se preocupam em ajudar os desenvolvedores nos próximos passos. "Existe uma grande desorganização", afirma Danilo.
Mesmo com as dificuldades, os amigos estão otimistas para levar o game ao próximo estágio e preparar seu tão sonhado lançamento para PC e consoles, no ano que vem. Atualmente, é possível jogar a versão de 2019 de Bloodless neste site.



