Histórias que os games contam

Houve um tempo em que um videogame era só um jogo. Você apertava botões e algo acontecia na tela. Simples, direto e, por que não, divertido. Na verdade, milhares de videogames ainda são apenas isso. Mas os melhores títulos... esse já são algo mais.

Basta ver a lista divulgada pela Sony, trazendo os melhores games do ano para PS4. Os grandes vencedores - Ratchet & Clank: Em Uma Outra Dimensão e Resident Evil Village compartilham uma característica cada vez mais requisitada pelos jogadores: o storytelling, termo que define a capacidade ou habilidade de contar uma história.

Mais do que apertar botões, os gamers de hoje querem se envolver com o jogo. E para isso, nada melhor do que imergir na história. Atentos à demanda, os estúdios de desenvolvimento têm utilizado técnicas dos estúdios cinematográficos, algo que passou a ser possível quando a capacidade de processamento dos consoles incorporou imagens em alta definição e som de última geração. Hoje, um game top de linha é praticamente um filme interativo. Ou uma série de TV, já que não é raro as franquias lançarem diversos títulos, entrelaçando as narrativas.

E assim como as séries de TV, um grande game deve ter um grande final. O esforço de realizar as missões e avançar nas fases precisa ser recompensado à altura. Não há uma fórmula de como fazer, mas certamente há exemplos de como não fazer, compilados em uma lista de finais frustrantes que equivalem a temporada 8 de Game of Thrones na versão videogame, incluindo casos de desapontamento explícito como a saga Mass Effect ou o Final Fantasy VII.

Olha aí, é o meu zumbi

Alguns temas são especialmente caros aos games com histórias. Um deles, o clássico ataque zumbi.  Algumas pessoas podem ter restrições com a violência de jogos de tiro, mas ninguém costuma reclamar quando o alvo são mortos-vivos. Toda a saga The Last of Us vai por essa linha, mas outros jogos também têm zumbis para chamar de seus, como por exemplo o Dead Island, onde os monstrengos invadem um paradisíaco resort.

Pistola, minha pistola

Jogos de tiro ficam melhores quando estão em um contexto, e nesse sentido o storytelling é uma mão na roda. Red Dead Redemption conta a história de um pistoleiro no Velho Oeste, vagando em um cenário de mundo aberto. Cabe ao jogador decidir se vai ser justo ou cruel, e as decisões ao longo do jogo mudam os fatos e as reações dos outros personagens. A tentação do dedo no gatilho é grande, mas é melhor avaliar as consequências...

Agora eu era o herói

Imagine se sentir na pele de seu super-herói favorito. Quer ser Batman vigiando Gotham City? Ou quer ser o Homem Aranha se pendurando nos prédios de Nova York?  O storytelling permite que seus dias (ou noites) de herói fiquem mais envolventes, na medida em que uma trama maior permeia as muitas missões do jogo.

Rolam as pedras

Outro estilo importado dos filmes foi a aventura arqueológica. Pouco depois de Indiana Jones surgir nos cinemas, começou a ser desenvolvida a franquia Tomb Raider, com Lara Croft explorando templos antigos ao redor do mundo. Na era moderna, Nathan Drake é o protagonista das aventuras não menos cinematográficas do game Uncharted e suas múltiplas sequências.

Seu mundo e nada mais

No melhor estilo ficção científica, os jogos de realidades paralelas deitam e rolam com o storytelling. A saga Assasssin´s  Creed usa a mesma premissa (uma máquina no estilo Avatar) para colocar o jogador em várias realidades históricas. Já a bela franquia Bioshock explora cidades secretas com um atraente visual steampunk.

Terror, terror, terror...

Talvez o grande ganhador com a chegada do storytelling nos games tenha sido os jogos de terror. Com todos os recursos sonoros e visuais, dá para contar histórias arrepiantes enquanto o jogo se desenvolve. Toda a série Resident Evil é terror em estado puro, especialmente Biohazard e a premiada Village. Until Dawn explora o clássico tema da casa assombrada, mas com a possibilidade de escolher os seus medos preferidos, só para ver eles voltarem para te assustar.

Um jogo com filme, ou um filme jogável? Com o storytelling, cada dia é mais difícil separar as duas coisas. Para quem ama games e cinema, não é nenhum problema. Ao contrário, é o casamento perfeito.

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