Cuidar da mente é tão essencial quanto cuidar do corpo
No Dia Internacional da Saúde Mental, especialista reforça que a atenção ao equilíbrio emocional é um investimento direto em qualidade de vida, produtividade e bem-estar coletivo
O Dia Internacional da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, tem como objetivo ampliar a conscientização sobre o equilíbrio emocional e o cuidado com o bem-estar psicológico. Embora o tema tenha ganhado mais espaço nos últimos anos, ainda é tratado como secundário por grande parte da população.
De acordo com a psicóloga Wilma Soares, coordenadora do setor de Psicologia da Clinica Reconciliar Spa Terapêutico, a saúde mental segue recebendo menos atenção do que a saúde física, e muitas pessoas só buscam apoio profissional quando o sofrimento já está avançado. Apesar disso, o aumento da procura por atendimentos psicológicos indica que o tema vem ganhando relevância, ainda que de forma gradual.
Desafios e estigma
O preconceito em relação à busca por ajuda psicológica continua sendo um dos maiores obstáculos. Muitas pessoas ainda associam o acompanhamento emocional à “loucura” ou à fraqueza. A psicóloga ressalta que é fundamental ampliar campanhas de promoção e incentivo à saúde mental, sobretudo nos ambientes de trabalho, onde os índices de adoecimento emocional são altos.
Outro desafio importante é o acesso restrito aos serviços de cuidado psicológico. Embora existam atendimentos sociais e de baixo custo, grande parte da população desconhece essas possibilidades. A falta de informação, somada à desigualdade social, contribui para que o cuidado com a mente permaneça distante de muitos brasileiros.
Sinais de alerta e hábitos de prevenção
Os sinais de que algo não vai bem incluem isolamento social, estresse constante e queda de energia. Cada pessoa manifesta o sofrimento de forma diferente, mas, em geral, quando não há acolhimento ou acompanhamento, os sintomas podem evoluir para transtornos mais graves, como ansiedade e depressão. A psicóloga destaca que práticas simples ajudam a preservar o equilíbrio emocional, como atividade física, alimentação equilibrada, sono de qualidade e lazer. O autoconhecimento e o fortalecimento dos vínculos familiares e sociais também são essenciais para o bem-estar psicológico.
Impactos contemporâneos e desigualdade
Fatores como sobrecarga de trabalho, redes sociais e pressões cotidianas têm se tornado gatilhos cada vez mais comuns. O excesso de estímulos e o imediatismo contribuem para o aumento da ansiedade e da insatisfação. Entre os jovens, a dificuldade em lidar com frustrações e o alto consumo de conteúdo digital elevam o estresse e reduzem a tolerância emocional. Já nos idosos, a falta de preparo para lidar com emoções e perdas exige maior atenção e apoio.
A pandemia de Covid-19 também deixou marcas profundas na saúde mental coletiva. O isolamento social intensificou quadros de ansiedade, depressão e transtornos como o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Além disso, a desigualdade social agravou o cenário, já que pessoas de classes mais baixas continuam tendo menos acesso a informações e a tratamento especializado.
Políticas públicas e conscientização
Wilma Soares defende o fortalecimento das políticas públicas voltadas à saúde mental, com a inclusão da psicoterapia nas redes básicas e nos serviços de emergência, hoje praticamente ausentes na maior parte do país. Para ela, a principal necessidade é garantir acesso à informação e ao cuidado, tornando o tema parte da rotina de prevenção e não apenas de tratamento.



