Mitos e verdades sobre o consumo de leite de vaca na Primeira Infância
Leite de vaca ou Fórmula Infantil de Primeira Infância?
Um adulto saudável é, em grande parte, resultado de uma alimentação adequada na infância, sem deficiências nutricionais. Esse fato deixa muitos pais e cuidadores preocupados se estão conseguindo oferecer a quantidade e a qualidade certas de nutrientes para os seus pequenos. Embora cada criança deva ser analisada individualmente por pediatras e nutricionistas, há algumas orientações que são consenso.
A primeira delas é sobre o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e complementar até os dois anos. A outra está na oferta variada de frutas, legumes, verduras, cereais e proteína (animal e/ou vegetal) em qualidade e quantidade adequada, a partir dos seis meses de idade, quando tem início a introdução alimentar. O maior questionamento, entretanto, está no que diz respeito à ingestão de produtos lácteos após um ano de idade, na impossibilidade do aleitamento materno. O pediatra e nutrólogo Matias Epifanio considera o leite de vaca um importante alimento, mas indica como mais apropriado para crianças de até 3 anos as fórmulas de primeira infância.
Segundo ele, as fórmulas possuem um teor proteico correto para a faixa etária e, nutricionalmente, são mais adequadas às necessidades dessas crianças porque possuem adição de ferro, vitaminas, fibras prebióticas (como GOS e FOS, por exemplo) e outros nutrientes, como DHA e ARA, que comprovadamente são importantes para o desenvolvimento saudável quando comparados ao leite de vaca.
“O leite de vaca não contém os ingredientes que as fórmulas possuem. Elas são reguladas por normas da ANVISA, que determina a sua composição. Se fizermos uma comparação entre um leite de vaca integral não fortificado e a fórmula infantil de primeira infância, a partir da ingestão 400 ml por dia, ou seja, dois copos de 200 ml/dia, uma criança que toma fórmula consumirá 8,2 vezes mais vitamina C, 2,5 vezes mais vitamina D e muito mais ferro em geral. Além disso, as fórmulas de primeira infância agregam fibras prebióticas para contribuir para o funcionamento do intestino e imunidade e podem conter DHA e ARA, nutrientes fundamentais que contribuem para o desenvolvimento cerebral.”, complementa o médico Matias Epifanio.
O pediatra alerta ainda que, além da ausência de um equilíbrio de nutrientes fundamentais para o desenvolvimento dos pequenos, o leite de vaca apresenta excesso de gordura saturada, proteína e sódio, que podem resultar em problemas futuros, como tendências à obesidade. O pediatra, especialista em nutrologia e gastroenterologia, cita estudos que mostram aumento dos índices de anemia e um menor aporte de vitaminas D e B em crianças alimentadas com leite de vaca.
O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) mostra deficiência de 6% de vitamina A e de 14,2% de vitamina B12 em crianças brasileiras de 6 meses a 4 anos e meio de idade. Outra pesquisa, feita em três países da Europa, aponta irregularidades nos índices de ferro. Em crianças que receberam fórmula, por exemplo, esse indicador foi bem menor: de 5,4% versus 19,7% que consumiram leite de vaca. Recentemente, várias sociedades científicas se referem sobre o uso de fórmulas infantis de seguimento para crianças de primeira infância dizendo que:
“Elas não são mandatórias, no entanto, podem ser usadas como parte de uma estratégia para aumentar a ingestão de ferro, vitamina D e DHA, enquanto diminui a ingestão de proteína em comparação com o leite de vaca não fortificado. Em cenários onde as fórmulas infantis de seguimento para crianças de primeira infância estão disponíveis, são acessíveis e onde o sobrepeso/obesidade é uma preocupação, estas fórmulas são uma excelente escolha.”, conclui Matias Epifanio.



