Sáb, 06 de Dezembro

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Uma Série de Coisas

"O Eleito": uma abordagem contemporânea sobre Jesus Cristo

Série tem uma temporada disponível na Netflix

Menino de 12 anos possui "poderes" similares aos de Jesus Cristo, em série da NetflixMenino de 12 anos possui "poderes" similares aos de Jesus Cristo, em série da Netflix - Divulgação/Netflix

A série de televisão "O Eleito", disponível na Netflix desde agosto de 2023, rapidamente cativou o público, seja por meio de uma conexão emocional profunda ou mesmo por ter provocado discussões acaloradas sobre o tema. Adaptada da graphic novel "American Jesus", assinada por Mark Millar e Peter Gross, a trama acompanha a jornada de Jodie, um garoto de 12 anos que reside no México e, após sobreviver a um grave acidente sem sequelas, ele descobre que possui poderes extraordinários, semelhantes aos atribuídos a Jesus Cristo.

"O Eleito" se destaca como uma série televisiva notavelmente controversa, ao apresentar uma versão de Jesus Cristo que se afasta do retrato tradicional presente na Bíblia. Aqui, Jesus é personificado por Jodie, um jovem capaz de curar enfermos, ressuscitar os mortos e realizar milagres, proporcionando uma interpretação mais jovem, contemporânea e acessível do conhecido "Salvador".

Essa produção da Netflix, que combina elementos de drama, fantasia e religião, não se enquadra na típica narrativa bíblica, mas sim oferece uma releitura moderna de Jesus Cristo. A série aborda temas relevantes da sociedade contemporânea, incluindo intolerância religiosa, o poder dos meios de comunicação e a busca por significado na vida.

Dentro dessa narrativa envolvente, "O Eleito" traz à tona, de maneira sutil, por vezes provocativa, questões consideradas "controvertidas" pela igreja, como fé, religião e política, explorando-as de maneira franca e desafiadora. Jodie se torna uma figura global, com suas ações sendo utilizadas para promover diversas agendas políticas e religiosas.

Embora uma parcela mais conservadora da igreja tenha criticado a série por considerá-la "desrespeitosa à imagem de Jesus Cristo", chegando a emitir uma carta de repúdio à produção, outra parte se posicionou a favor de "O Eleito". Eles reconhecem que a série pode introduzir a história de Jesus a um público mais amplo, estimulando uma nova reflexão sobre a fé de maneira atual, mas não menos desafiadora.

No que diz respeito à performance, Bobby Luhnow brilha no papel de Jodie, trazendo humanidade e profundidade ao personagem. Ele dá vida a um jovem carismático, inocente, mas corajoso, que está em busca de compreender seus poderes e seu propósito no mundo. E, através das suas revelações, ele e seus amigos embarcam numa jornada de amadurecimento sobrenatural, capaz de transformar a realidade ordinária em que vivem.

A direção de Everardo Gout é notavelmente elegante e atmosférica, mantendo os espectadores envolvidos com episódios bem elaborados e uma edição cuidadosa. A série também se destaca visualmente.

"O Eleito" permanece fiel à graphic novel original de forma brilhante, com Millar e Gross atuando como produtores executivos para garantir a fidelidade à história original, enquanto adiciona alguns elementos novos.

Para os fãs de enredos misteriosos, "O Eleito" pode parecer um pouco lenta no início, pois a primeira metade da temporada se concentra na construção de personagens e do mundo da série. No entanto, a narrativa não deixa de ser envolvente. 

Com apenas seis episódios em sua primeira temporada, a promessa de renovação para uma segunda temporada em 2024 oferece a perspectiva de debates e reflexões continuadas. É importante assistir à série com uma visão crítica, pois ela levanta questões profundas e instigantes sobre a figura de Jesus Cristo no contexto atual.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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