ATM e DTM: dores de cabeça ou ouvido? A causa pode estar na mandíbula
Cirurgiã bucomaxilofacial explica como identificar e tratar
Muitas pessoas ainda confundem tanto os termos ATM e DTM quanto os sintomas causados por essa condição. Muitas vezes, o paciente procura especialistas, como otorrinolaringologistas ou dentistas, com sintomas como dor de cabeça, dor de ouvido ou de dente, acreditando tratar-se de outro problema, mas a origem pode estar na ATM.
Por isso, entender a diferença entre eles é fundamental. A sigla ATM se refere à articulação temporomandibular, que liga a mandíbula ao crânio, localizada próxima ao ouvido. Já a DTM é uma referência à disfunção da articulação temporomandibular, quando há alterações no seu funcionamento ou nos músculos envolvidos.
Segundo a cirurgiã bucomaxilofacial Patrícia Borba, do Hospital Jayme da Fonte e Centro Face, essas alterações podem estar relacionadas a estresse, ansiedade e até distúrbios do sono.
“O paciente que sofre de estresse ou ansiedade crônica contrai muito a musculatura da face, podendo desenvolver alterações da articulação. Os sintomas incluem dores de cabeça, travamento da mandíbula, dificuldade de mastigar ou engolir. Como é uma articulação muito próxima ao ouvido, também pode causar sensação de ouvido tampado, zumbido ou dor”, explica.
O bruxismo, por exemplo, não é considerado uma doença em si, mas pode estar relacionado à DTM. “É como se o paciente passasse a noite inteira usando a musculatura da face, que deveria estar relaxada. Por isso, acorda com dor, cansaço, dificuldade até de escovar os dentes”, acrescenta a médica.
Situações mais graves podem levar o paciente à emergência, como nos casos de luxação mandibular, quando a boca abre, trava e não fecha. Outro fator de risco é a perda dos dentes, mais comum em pacientes mais idosos, que sobrecarrega a musculatura e a articulação.

Os tratamentos, em sua maioria, começam com medidas conservadoras. “O ideal é que seja uma abordagem multidisciplinar. Com médico, dentista, fisioterapeuta, nutricionista, é preciso uma equipe para se conseguir ter uma melhora desse quadro”, ressalta.
Em casos como o bruxismo, o tratamento inclui uso de placas interdentais para proteger os dentes, além de fisioterapia. Já em casos mais específicos, pode ser indicada a artroscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo.
“É um recurso importante para determinadas patologias da articulação, especialmente em processos inflamatórios ou deslocamentos de disco que impedem a abertura da boca. Está disponível no SUS, mas em poucas unidade”, detalha.
A especialista alerta que, por ser multifatorial, a DTM exige controle contínuo. “Se o paciente chega a uma fase de estabilidade, mas passa por novo estresse, ansiedade ou descuido da saúde, os sintomas podem voltar até de forma pior”, conclui.




