Sex, 05 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Vida Plena

Hormônios femininos, como estrogênio e progesterona, podem causar doenças como câncer de mama?

Endocrinologista do Hospital Jayme da Fonte esclarece em que situações é possível

Saúde feminina requer cuidadosSaúde feminina requer cuidados - Freepik

A possível correlação dos hormônios femininos estrogênio e progesterona com o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis ou hormonais, como o câncer de mama, ainda é cercada de dúvidas e mitos, especialmente com relação à terapia de reposição hormonal. O que desperta receios em muitas mulheres e atrapalha o acesso ao cuidado adequado.

O endocrinologista Fábio Moura, do Hospital Jayme da Fonte, explica que, em determinadas situações, tanto o estrogênio quanto a progesterona, que são os principais hormônios femininos, podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento de câncer de mama, como “a exposição prolongada ou em doses elevadas”.

Além disso, alguns fatores biológicos ligados ao ciclo reprodutivo da mulher também podem interferir nessa equação. A menstruação precoce (antes dos 11 anos) e a menopausa tardia (após os 55 anos) são situações em que a mulher permanece mais tempo exposta aos hormônios, o que pode elevar a chance de alterações.

“Embora haja uma certa discordância sobre isso, não é uma unanimidade que seja fator de risco, muitos autores acreditam que sim”, afirma o médico.

Com relação à terapia de reposição hormonal, o especialista esclarece que “o estrogênio isolado dificilmente causa aumento do risco, até porque a dose é menor. A progesterona, quando associada, mesmo sendo importante para proteger o útero, pode aumentar, sim, um pouco o risco de câncer de mama”.

O médico alerta que é preciso atenção para os casos de contraindicações absolutas. “Mulheres que já tiveram câncer de mama, infarto, AVC isquêmico ou múltiplos episódios de trombose não devem realizar a reposição”, enfatiza.

O endocrinologista Fábio Moura, do HJF | Foto: Rafael Melo/Folha de Pernambuco

No entanto, para quem não possui essas condições, a terapia pode trazer benefícios importantes. Segundo o endocrinologista, existe o que se chama de “janela de oportunidade”, que seria o período ideal para iniciar a reposição em mulheres com menos de 55 anos de idade e até cinco anos de menopausa, podendo se estender até 60 anos e 10 anos de menopausa em alguns casos.

“Estando dentro da janela de oportunidade, dá para fazer a reposição e, via de regra, se tem muito benefício, especialmente na qualidade de vida, proteção contra osteoporose, doenças cardiovasculares, cognitivas, embora essa ainda seja uma área de incertezas”, ressalta o médico.

Fábio Moura destaca ainda que, apesar da influência hormonal, natural ou induzida, os hábitos de vida também desempenham papel importante na prevenção. 

“Dormir melhor, se alimentar bem, manter um peso adequado, se exercitar regularmente, não fumar e beber pouca bebida alcoólica, já diminui o risco de doença crônica não transmissível, como doença cardiovascular, infarto, AVC, câncer, Alzheimer, de maneira bem significativa”, conclui.

Veja também

Newsletter