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Setembro Verde: veja mitos e verdades sobre doação de órgãos

Em 2024,45% das famílias brasileiras se negaram afazer doação

Setembro Verde é conhecido como o mês da doação de órgãosSetembro Verde é conhecido como o mês da doação de órgãos - Foto: Freepik

O mês de setembro é marcado pela campanha Setembro Verde, que chama atenção para a conscientização acerca da doação de órgãos, um tema que vai além das altas estatísticas e envolve famílias que, em um momento de dor, precisam tomar uma decisão difícil, mas que pode representar esperança e uma nova chance para o amor de outra família.

Acolhimento

Segundo a enfermeira Bruna Nóbrega, da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Hospital Jayme da Fonte, o acolhimento à família do paciente é fundamental desde o início do processo.

“A partir do primeiro momento em que identificamos que o paciente pode estar em suspeita de morte encefálica vamos conversando com a família. Para abordar as dúvidas, esclarecer o andamento do processo, quais exames são necessários, e ir atualizando a família de todo o passo a passo até ser concluído o diagnóstico de morte encefálica. Para que a gente tenha essa abertura de, posteriormente, falar com o familiar para saber do desejo do paciente e do desejo da família”, explica.

Legislação

Ainda segundo a enfermeira, é importante estar atento à legislação brasileira.

“Em vida, você tem que falar com as pessoas mais próximas que é de seu interesse doar os seus órgãos, pois a decisão fica, atualmente, com a família”, reforça Bruna.

Bruna Nóbrega, membro da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Hospital Jayme da Fonte. Foto:  Arthur Mota / Folha de Pernambuco

Bruna Nóbrega explica ainda que as possibilidades de doação são amplas, mas dependem da condição do paciente.

“Em vida, é possível doar um rim, parte do fígado ou do pulmão, entre outros. A pessoa tem que estar em plena condição de saúde e autorizar que seja feita essa doação, em caso de familiar. Em caso de pessoas que não são da família, o procedimento é feito por meio de decisão judicial”, explica a profissional.

Já após o falecimento, em casos de doação pós-morte encefálica, coração, pulmão, fígado, rins e córneas, entre outros tecidos, também podem ser doados, mediante autorização da família. Em casos de óbito por parada cardíaca, somente a doação de córneas e tecidos ainda é possível.

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Apesar dos avanços, dúvidas e mitos ainda dificultam o processo de doação. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em 2024, 45% das famílias brasileiras se negaram a fazer a doação. Segundo Bruna, muitos familiares temem que o diagnóstico de morte encefálica não seja confiável.

“Explicamos que esse diagnóstico é feito por dois médicos distintos, que fazem uma avaliação neurológica, e também um exame complementar de imagem, para que esse diagnóstico seja fechado com maior segurança”, detalha.

Outras dúvidas comuns envolvem o estado do corpo após a retirada dos órgãos e o tempo para o sepultamento.

“A família acredita que pode atrasar o sepultamento, que o procedimento pode ser pago, por o paciente estar em um hospital particular, e isso não acontece. Quando o paciente tem elegibilidade para realizar a doação, o SUS se responsabiliza por todo o processo e realiza dentro do próprio hospital em que o paciente está internado”, completa.

Confira o podcast e saiba mais sobre o assunto

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