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A biografia de Jomard Muniz de Britto

Lançamento do livro “Jomard Muniz de Britto - Professor em transe”, biografia pela Cepe, será neste sábado, às 16h, no Cinema do Museu

Jomard celebra seus 80 anos em grande estilo: ganha exibição de documentário de Luci Alcântara e sessão de autógrafos do livro, escrito por Fabiana Moraes e Aristides OliveiraJomard celebra seus 80 anos em grande estilo: ganha exibição de documentário de Luci Alcântara e sessão de autógrafos do livro, escrito por Fabiana Moraes e Aristides Oliveira - Foto: Alfeu Tavares/Arquivo Folha

Há quem se encha de lisonja ao ser biografado. Não é o caso do poeta, cineasta, performer, agitador cultural, crítico, escritor - uma adjetividade plural que Jomard Muniz de Britto nunca tomou para si. Prefere ser singular, sem rótulos nem títulos. Apenas o do livro: “Jomard Muniz de Britto - Professor em transe” (R$ 80), biografia que celebra seus 80 anos e dá continuidade à coleção “Memória”, escrita por Fabiana Moraes e Aristides Oliveira e que será lançada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), neste sábado (08), às 18h, no Cinema do Museu, na Fundação Joaquim Nabuco, em Casa Forte. “Não sou memorialista. Conheço intelectuais que louvaram suas memórias. Mas acho que é melhor viver a vida do que estar rememorando”, disse o professor à Folha de Pernambuco.

Sim, ele prefere ser chamado de professor, que foi desde os 16 anos, e de cinema. “Sou um professor e um leitor, antes de ser um escritor”, declara Jomard. Apaixonado pela sétima arte, citou “Sangue Azul”, de Lírio Ferreira, como um dos últimos filmes pernambucanos dos quais gostou muito. “Achei uma obra-prima. Muito ousado do ponto de vista erótico, não pornográfico”, define Jomard, que se autodenomina “marginal da poeticidade”.

Não espere, portanto, datas precisas ou mesmo verdades absolutas nesse livro. Esse foi o primeiro desafio para a dupla de biógrafos. Mas a tarefa da escrita não foi árdua, pois o personagem já é bastante familiar a Aristides, que lançou o livro “O Palhaço Degolado” (1977), sobre um dos filmes mais marcantes feito por Jomard, em que questiona o imperialismo cultural vigente, a ideia de tradição tão arraigada na cultura pernambucana, e que provoca seus principais alvos de críticas: Ariano Suassuna e Gilberto Freyre. Já Fabiana - professora de Design e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e jornalista - fez seu début no universo da biografia, mas não no de Jomard, onde já mergulhara em matérias jornalísticas.

“Fizemos uma não biografia. Mas foi nossa maneira mais verdadeira de trazer Jomard para o mundo. Não dá para biografar alguém que tem essa camada de produção em um ano e meio“, diz a escritora. Para captar o indivíduo além do artista, perguntas foram recepcionadas ora com ‘esculhambações’, ora com gestos carinhosos. “Ele fala não falando, joga cascas de banana, detesta verdades. Com Jomard é, mas pode não ser. Ele não é enquadrável“, conta a jornalista. Nem esgotável. “Cada fase de sua vida vale um livro, e não tivemos a pretensão de esgotá-la em um só volume”. Jomard não quis ler o que foi escrito sobre ele. Disse que prefere fazer sua crítica após a publicação.

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