A trajetória do ator José Pimentel, eternizado no papel de Jesus Cristo
Nascido em Garanhuns, o ator interpretou durante 39 anos o filho de Deus. Desde a década de 1950, no entanto, encenou, dirigiu e escreveu diversos espetáculos teatrais
Nascido em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, o ator José Pimentel, que faleceu nesta terça-feira (14), no Recife, aos 84 anos, desde a década de 1950, encenou, dirigiu e escreveu diversos espetáculos teatrais. Seu trabalho mais reconhecido, no entanto, foi como Jesus Cristo, que interpretou durante 39 anos e o transformou em figura folclórica do imaginário popular pernambucano. Pimentel encenou como filho de Deus pela primeira vez em 1978, no espetáculos da Paixão de Cristo de Fazenda Nova, no Brejo da Madre de Deus. No entanto, ele já participava desde 1956, quando foi levado para lá por um amigo - e acabou promovido a diretor da montagem em 1969.
Desentendimentos com os produtores de Nova Jerusalém fizerem Pimentel deixar o espetáculo em 1996. No ano seguinte, estreou a Paixão de Cristo do Recife, que começou no Estádio do Arruda, sendo transferido para o Marco Zero em 2001.
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A última vez que o público viu Pimentel em seu personagem mais icônico foi em 2017. Na ocasião, ele resolveu subir ao palco mesmo após passar por uma cirurgia de hérnia inguinal e chegar a ficar na UTI. A saúde debilitada, no entanto, o fez "dar o braço a torcer" e passar o papel para um ator mais jovem.
A temporada 2018 da Paixão de Cristo do Recife chegou a ser cancelada, por falta de recursos. A produção voltou atrás e, pela primeira vez, a peça foi apresentada sem seu idealizador em cena. O espetáculo de Páscoa, no entanto, não é a única obra de destaque no currículo de Pimentel. Junto ao Teatro Adolescente do Recife (TAR), em 1956, ele integrou o elenco da primeira montagem de "O auto da compadecida", de Ariano Suassuna, que obteve reconhecimento nacional.
Como diretor e dramaturgo, produziu muitas peças sobre personagens e acontecimentos históricos, como "A batalha dos Guararapes", "O calvário de Frei Caneca" e "O massacre de Angico - A morte de Lampião", seu último trabalho realizado.
A televisão também esteve na trajetória deste pernambucano. Ele esteve no elenco de "A moça do sobrado grande", telenovela de sucesso produzida pela TV Jornal, em 1967, e que chegou a ser exibida em São Paulo.
Na década de 1970, em plena ditadura militar, na mesma emissora. No início deste ano, a história de Pimentel foi contada na biografia "José Pimentel - Para além das paixões", publicada pela Cepe Editora e escrita pelo jornalista pernambucano Cleodon Coelho.

