Sex, 05 de Dezembro

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ENTREVISTA

"Acho que rede social vai ser proibida para criança e adolescente, tipo cigarro", diz Leandra Leal

Atriz releva que 'A vida pela frente', série que escreveu e dirigiu sobre juventude pré-internet, tem muito de sua própria vida

Atriz Leandra LealAtriz Leandra Leal - Foto: Reprodução / Instagram

Leandra Leal refletiu sobre os efeitos da internet na vida de crianças e adolescentes em meio à uma sociedade ansiosa. Mãe de uma menina de 11 anos, autora e diretora da série 'A vida pela frente', sobre juventude pré-internet, a atriz de 42 anos também revelou, em entrevista ao videocast ' Conversa vai, conversa vem' (no ar no canal do Jornal O Globo no Youtube e também disponível no Spotify), que se inspirou na própria experiência de vida para tratar de assuntos como luto, sexualidade e experiência com drogas na série.

Virou uma atriz diferente depois das experiências na direção?
Depois que dirigi ficção, sou uma atriz melhor. Tenho muito mais consciência do processo, uma visão melhor de como posso contribuir artisticamente, mas também de postura. Fiquei com um desapego maior como atriz. Sempre tive um discurso assim: "Meu irmão, e depois?" Porque a ilha de edição é uma reescrita, se reescreve o que se filmou. Depois de ter montado uma ficção, vejo que quem está na ilha de edição está fazendo o melhor para aquilo ali existir e com uma visão do todo melhor. Você fica mais generosa, com esses outros olhares, confiando no processo. Emocionalmente, fiquei mais tranquila, com mais consciência do que me cabe nesse latifúndio.
 

É muito delicada a forma como abordam luto, saúde mental, experiência com drogas e sexualidade na série "A vida pela frente", que idealizou, dirigiu e está disponível no Globoplay. Tem muito da sua adolescência ali?

Bastante. Tive experiência de luto com uma amiga... Perdi tanta gente na adolescência.. Perdi meu pai, avó, a primeira geração da Aids, toda muito próxima da minha mãe. A morte foi algo que me forjou. Perder alguém nessa idade divide muito a vida. É uma idade em que a gente se acha imortal.

É uma série que se passa na virada do milênio, há muito pouco tempo, e tudo mudou tanto...
Naquela época, não se falava tanto sobre saúde mental quanto se fala hoje, mas já era um assunto. Me preocupo com o nível de ansiedade e de medo que a sociedade está. As crianças absorvem. Sou super a favor de tecnologia, mas como essas ferramentas entraram na vida das crianças e dos adolescentes é punk. Porque não estão se formando em diálogo. As redes não permitem que desenvolvam habilidade social, interpessoal. Dão a ilusão de que estão relacionando. Mas não estão aprendendo sobre o outro, sobre o limite do outro. Acho que rede social vai ser proibido para crianças e adolescentes. Tipo cigarro.

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