Atração da Mimo, 47Soul mistura batidas eletrônicas e ritmo tradicional árabe
Cantando em árabe e inglês, quarteto da Palestina traz em suas músicas críticas aos conflitos no Oriente Médio. Eles se apresentam neste sábado (24)
Uma das atrações principais desta edição do festival Mimo é o grupo 47Soul, que se apresenta neste sábado (24), às 22h30, na Praça do Carmo, em Olinda. Composta por músicos de ascendência palestina, a banda vem conquistando a Europa com músicas que falam sobre os conflitos no Oriente Médio, misturando árabe e inglês em suas letras.
Formado por Z the People (vocal e sintetizadores), El Far3i (darouka e vocal), Walaa Sbeit (percussão e vocal) e El Jehaz (guitarra e vocal), o quarteto é criador de um gênero musical próprio. O estilo, que eles chamam de shamstemp, é uma fusão entre hip hop, elementos eletrônicos e dabke, música tradicional árabe.
“O dabke - dança da Palestina, Síria, Líbano, Jordânia e de algumas partes do Iraque - é geralmente acompanhada por mijwiz (instrumento de sopro) e batidas de darbuka (instrumento de percussão)”, explica o rapper Tareq Abu Kwaik, também conhecido como El Far3i.
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Durante o show em Pernambuco, o 47Soul compartilhará com o público o repertório de “Balfron Promise” (2018), seu disco de estreia. As músicas trazem um forte teor social. Suas canções pedem a paz e integração entre as nações, criticando as barreiras impostas por governos autoritários.
“Cantamos sobre a liberdade da Palestina, a partir da ocupação e abertura de fronteiras para os refugiados. A causa palestina é a causa de todos os povos do mundo, porque luta contra o imperialismo, as fronteiras e os estados religiosos em geral”, defende. “Sentimos um novo movimento chegando. Pensamos que trazer algumas questões sociais para a dance music pode ajudar a atualizar, globalmente, as ideias da juventude”, complementa.
Criada em 2013, em Amã (Jordânia), a banda transferiu residência para a Inglaterra, no intuito de viabilizar apresentações em outros países. “Realizar turnês é um problema enfrentado por muitos passaportes árabes. Londres é um bom ponto de partida para o mundo, além de ser uma cidade rica em cultura urbana e novos movimentos”, explica o músico.
Essa é a primeira visita do quarteto ao Brasil. A passagem será rápida, mas El Far3i afirma que é um desejo do grupo fazer um mashup (mescla musical) com música brasileira no futuro. “Temos grande respeito por Criolo. Fomos ao show dele em Londres, e mesmo não entendendo as palavras, foi emocionante e poderoso. Também gostamos do som do Baiana System, que traz as vibrações das raízes”, elogia.

