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Banda de Pau e Corda comemora 45 anos com shows em Minas Gerais

O novo show "Banda de Pau e Corda 45 anos" será lançado nesta sexta-feira (27) e sábado (28), com sucessos do grupo que projetou a música pernambucana no Brasil

Banda de Pau e CordaBanda de Pau e Corda - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

As mais de quatro décadas de música e poesia da Banda de Pau e Corda consagraram um estilo muito próprio de explorar nossas raízes regionais e ganhar corações em todo o território nacional. Nesta sexta e sábado, o grupo lança o show "Banda de Pau e Corda 45 anos" em Minas Gerais - "nossa segunda casa", como define o vocalista Sérgio Andrade.

"Ao longo da carreira fizemos um ótimo público em Minas que passou dos pais, hoje na faixa dos 60, para os filhos, entre 20 e 30 anos. Sempre nos recebem com muito carinho", diz, entre reminiscências da formação original com os irmãos Waltinho e Roberto, falecido em agosto passado, um pouco antes do primo Paulinho Resende, que também eram fundadores da banda.

As perdas levaram ao adiamento das comemorações dos 45 anos mas elas começam no dia 27 no 15º Festival de Viola de Piacatuba, em Leopoldina, e continuam no dia 28 no moderno Cine Theatro Vallourec, em Belo Horizonte.

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O espetáculo, com arranjos de Waltinho, traz as 25 músicas mais representativas dos LPs e CDs da banda, e convidados como o violonista Lucas Oliveira e o percussionista Johann Brehmer. No palco, também estarão presentes o violeiro Chico Lobo e Tavinho Moura, que gravou com a Banda o disco "Arruar", de 1978. Com Chico a Banda vai cantar "Pássaro de Rima", de Chico e do nosso conterrâneo Siba, e "Calix Bento", música do cancioneiro popular de Minas Gerais com adaptação de Tavinho Moura.

As escolhas mostram, claramente, a interação com os mineiros. "Os artistas e o povo de Minas têm admiração pela música pernambucana e têm a Banda de Pau e Corda como referência", diz Sérgio Andrade.

E não é de hoje. O "Clube da Esquina", um movimento cultural de Belo Horizonte que, há cerca de meio século, reunia artistas como Milton Nascimento, Wagner Tiso e Lô Borges, em torno da música e outras artes, já tinha uma grande admiração pela Banda de Pau e Corda.

"E nós por eles. Mas só fiquei sabendo em 2010, por Beto Guedes, quando estávamos gravando uma música minha com Tavinho Moura - Delírios", relembra Andrade. Para ilustrar ainda mais a reverência mineira, a banda pernambucana já teve até cover em Minas: o grupo Multidão, de São João Del Rei, que começou a carreira tocando todas as músicas da Banda de Pau e Corda, com os mesmos arranjos. "São fãs de carteirinha da gente e já compraram ingressos para assistir o nosso show em BH", completa. Novo disco

Nos últimos preparativos para o lançamento do novo show, Sérgio Andrade aproveita a viagem para amarrar contratos em São Paulo e Brasília e, espera, encontrar pauta nos teatros do Recife e se apresentar em casa, o que não aconteceu este ano.

Em 2019, a Banda de Pau e Corda vai voltar aos estúdios, depois de muito tempo sem lançar um novo disco. O produtor será José Milton, o mesmo que descobriu os irmãos Andrade e os jogou no cenário nacional, a partir de 1973.

O novo trabalho será lançado em CD, LP e plataformas digitais, mantendo o estilo. "Acho que, além de ser o que o nosso público espera, também penso que está muito atual. Basta olhar para essa nova geração de poetas da música, como o PC Silva que desenvolve um trabalho que pode muito lembrar o da Banda de Pau e Corda na sua essência". Muita história para contar

"A Banda é nossa aliada na defesa da música brasileira". A afirmação do escritor Ariano Suassuna sobre a Banda de Pau e Corda sintetiza a obra iniciada pelos irmãos Roberto, Waltinho e Sérgio Andrade, no começo da década de 1970, e consolidada numa trajetória de 45 anos, com discos, shows, turnês e canções que ficaram na memória afetiva de muita gente.

Formado hoje por Sérgio Andrade, no vocal; Júlio Rangel, na viola; Sérgio Eduardo, no contrabaixo; Eric Caldas, na flauta e Mek Mouro, na bateria, o grupo adotou alguns instrumentos elétricos, no meio do caminho, mas manteve as raízes culturais das cirandas, modinhas, xotes, maracatus e baiões que carimbam o regionalismo atemporal na sua obra.

Em 45 anos de carreira, a Banda de Pau e Corda gravou dez discos de músicas inéditas, além de duas coletâneas e um disco duplo remasterizado. Um acervo que une sucessos como "Flor D´água", que fez parte da trilha sonora da novela "Maria Maria", da Rede Globo, em 1978, amplificando o sucesso do LP Redenção, de 1974. A música, até hoje é pedida nos shows.

A discografia da Banda mostra que a diversidade de ritmos moveu o histórico dos músicos que fizeram uma apoteose ao frevo no álbum Pelas Ruas do Recife, inovando na execução do ritmo que era tocado apenas por instrumentos de sopro. A partir dos anos 80, o LP Nossa Dança e o CD Cristalina foram marcados por arranjos mais elaborados.

Mesmo sem novos discos nos últimos anos, a Banda de Pau e Corda nunca ficou fora dos palcos e de projetos autorais ou em parcerias que reforçam a certeza que muita coisa boa ainda vai ser tocada. DISCOGRAFIA


(1995) O melhor da Banda de Pau e CordaBMG/Ariola • CD
(1994) Acervo especial. Banda de Pau e Corda • BMG Ariola • CD
(1992) CistalinaPolydisc/Sony • CD
(1990) O outro lado da banda Polydisc • LP
(1986) O maior forró do mundoEldorado • LP
(1982) Coisa da genteRCA • LP
(1980) Nossa dança • RCA • LP
(1979) Pelas ruas do Recife • RCA • LP
(1978) Arruar • RCA • LP
(1976) Assim...amém • RCA • LP
(1974) Redenção • RCA • LP
(1973) Vivência • RCA • LP

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