Black Sabbath além dos limites no documentário 'The End of the End'
Filme, que estreia nesta quinta-feira (28) nos cinemas brasileiros, mostra o último show da banda britânica, com os sessentões roqueiros em espetáculo audiovisual com performances irrepreensíveis
O espectador mais leigo que assiste ao documentário musical “Black Sabbath: The End of the End” (GBR, 2017) vai achar que o grupo britânico Black Sabbath é um dos mais unidos da história do rock’n’roll. Nem parece que, em meio século de existência, contou a maior parte do tempo com a ausência de seu principal band-leader e sofreu diversas alterações em sua formação - e não apenas com um dos integrantes que não participa desse projeto.
Essa talvez seja a principal mágica da produção, que chega aos cinemas brasileiros hoje, registro do último show da banda, em sua cidade natal, Birmingham (Inglaterra), em fevereiro último, fechando a turnê de despedida. Tanto que até para os fãs, esse “detalhe” deve passar quase despercebido.
Bons docs musicais são feitos para quem gosta de música, independentemente de seu estilo predileto. Apesar de conciso, “The End of the End” (o fim do fim, numa tradução livre) encaixa-se nessa modalidade.
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Conciso porque o material se equipara a um conteúdo de um DVD - três quartos do que se vê na tela é o filme propriamente dito; o quarto final é uma espécie de bônus -, produzido por uma firma especializada nesse tipo de produto, a Eagle Rock Film Productions, que investe em material novo para pagar apenas os direitos autorais das composições, e não dos fonogramas, nem qualquer material de arquivo. Contudo, ainda assim, é uma baita produção.
Boa parte do crédito deve-se ao cineasta Dick Carruthers, que também dirigiu “Heavy Metal: Louder Than Life” (2006), “Van Morrison: Live in Montreux” (2006) e “Led Zeppelin: Celebration Day (2012)”.
Um especialista no assunto que tem ainda no currículo uma longa lista de serviços prestados ao rock e à música pop comandando produções de artistas como Take That, Oasis, Portishead, The Who, Stereophonics, James, Snow Patrol, White Stripes, Aerosmith, McFly, Bryan Adams, Kaiser Chiefs, Paul McCartney, Keane, The Killers, Michael Bublé, Noel Gallagher, Usher, Imagine Dragons e Mumford & Sons, entre outros.
Com essa fluência eclética na área da música, Carruthers faz de um momento de despedida de três caras quase setentões um espetáculo audiovisual para amantes da música de todos os estilos e idades. Algo para ser assistido daqui a décadas e lembrar da era do Sabbath como a época em que os gigantes pisaram sobre a Terra.
Da parte da banda, os integrantes que resolveram participar da empreitada vão além de seus limites. Em 1968, quando o Sabbath começou, se alguém perguntasse "Onde está vovô?" provavelmente esperaria-se como resposta “dormindo”, “na cadeira de balanço”, “no lar para idosos”. Agora vovô está fazendo rock'n'roll. E como antigamente, sem concessões, uma das marcas do grupo.
No palco, o vocalista Ozzy Osbourne comanda e o guitarrista Tony Iommi e o baixista Geezer Butler se mostram irrepreensíveis. Da formação original, apenas o baterista Bill Ward ficou de fora. No filme, há performances da canção homônima da banda, além de “Fairies Wear Boots”, “Under the Sun”, “Snowblind”, “War Pigs”, “Iron Man” e “Paranoid”, entre outras. O fim, porém, não é o fim (sic).
Paralelamente, o espectador acompanha a ressaca pós-Birmingham, três dias depois, com o trio novamente reunido, em estúdio, para mais algumas sessions. Entre um som e outro, muitas histórias, evidentemente. Coisa para conferir no luxo da telona e depois adquirir em home video para rever várias vezes no sofá com os amigos.

