Cantora entoa hino dos EUA em espanhol em protesto contra serviço de imigração do país
Artista de ascendência colombiana e dominicana, Nezza descumpre proibição em estádio em Los Angeles em show antes de partida de beisebol
A cantora e influenciadora digital Nezza — americana com ascendência colombiana e dominicana — desrespeitou, no último sábado (14), uma regra do Dodger Stadium, famoso estádio de beisebol em Los Angeles.
Antes da vitória dos Dodgers por 11 a 5 sobre os Giants, a artista cantou o hino nacional dos Estados Unidos em espanhol diante da arquibancada lotada. Em vídeo publicado nas redes sociais, ela mostrou que fez isso propositalmente, já que, antes do show, a organização pediu que a apresentação fosse realizada apenas em inglês, seguindo uma determinação superior.
Nezza, nome artístico de Vanessa Hernández, postou um vídeo no TikTok e no Instagram em que se ouve um funcionário não identificado dos Dodgers dizendo a ela, pouco antes da apresentação: "Hoje vamos fazer a música em inglês, então não sei se isso não foi informado a você".
O vídeo, então, corta para o momento em que ela canta o hino em espanhol. Uma legenda sobreposta à imagem ressalta: "Então eu fiz mesmo assim".
Mais tarde, Nezza publicou outro vídeo no TikTok explicando a situação "emocional" vivida com a equipe dos Dodgers. Ela contou que a versão em espanhol do hino que cantou foi encomendada em 1945 pelo Departamento de Estado dos EUA, durante o governo do presidente Franklin D. Roosevelt, como forma de fortalecer os laços com os latino-americanos.
Leia também
• Cantora francesa Nicole Croisille morre aos 88 anos
• Taylor Swift: entenda porque a cantora precisou comprar as suas próprias músicas
• Estética não-binária e "nora maravilhosa": conheça a cantora que se casou com filha de Débora Bloch
A cantora, de 30 anos, disse que quis cantar essa versão em meio às recentes ações do ICE, a agência de imigração dos EUA, em Los Angeles.
"Não achei que ouviria um 'não', especialmente porque estamos em Los Angeles e por tudo o que está acontecendo", disse ela, chorando. "Já cantei o hino muitas vezes na vida. Mas hoje, justo hoje, eu não consegui. Me desculpem. Não consegui acreditar quando ela [a funcionária dos Dodgers] entrou e disse 'não'. Mas senti que precisava fazer isso para minha gente".
"Tenho orgulho de mim por ter feito isso hoje", acrescentou Nezza. "Meus pais são imigrantes e já são cidadãos americanos há muito tempo."
Ela disse ainda que não consegue imaginar ser separada dos pais, especialmente se fosse mais jovem. Os Dodgers não se manifestaram publicamente sobre o ocorrido.
Um representante do time disse ao jornal "Los Angeles Times" que a apresentação não trará consequências para a franquia — e que Nezza será bem-vinda no estádio no futuro. A organização tem se mantido relativamente calada diante das tensões recentes na cidade. O técnico Dave Roberts foi questionado algumas vezes sobre o assunto, mas não ofereceu grandes respostas.
"Sei que quando é preciso trazer pessoas e deportá-las, todo esse tumulto afeta todo mundo", disse ele na última sexta-feira (13). "Mas não aprofundei o suficiente para poder falar com propriedade sobre isso."

