Seg, 08 de Dezembro

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ESTADOS UNIDOS

Cantora entoa hino dos EUA em espanhol em protesto contra serviço de imigração do país

Artista de ascendência colombiana e dominicana, Nezza descumpre proibição em estádio em Los Angeles em show antes de partida de beisebol

Nezza canta hino americano em espanhol em estádio após proibição nos EUA Nezza canta hino americano em espanhol em estádio após proibição nos EUA  - Foto: Reprodução/Instagram

A cantora e influenciadora digital Nezza — americana com ascendência colombiana e dominicana — desrespeitou, no último sábado (14), uma regra do Dodger Stadium, famoso estádio de beisebol em Los Angeles.

Antes da vitória dos Dodgers por 11 a 5 sobre os Giants, a artista cantou o hino nacional dos Estados Unidos em espanhol diante da arquibancada lotada. Em vídeo publicado nas redes sociais, ela mostrou que fez isso propositalmente, já que, antes do show, a organização pediu que a apresentação fosse realizada apenas em inglês, seguindo uma determinação superior.

Nezza, nome artístico de Vanessa Hernández, postou um vídeo no TikTok e no Instagram em que se ouve um funcionário não identificado dos Dodgers dizendo a ela, pouco antes da apresentação: "Hoje vamos fazer a música em inglês, então não sei se isso não foi informado a você".

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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O vídeo, então, corta para o momento em que ela canta o hino em espanhol. Uma legenda sobreposta à imagem ressalta: "Então eu fiz mesmo assim".

Mais tarde, Nezza publicou outro vídeo no TikTok explicando a situação "emocional" vivida com a equipe dos Dodgers. Ela contou que a versão em espanhol do hino que cantou foi encomendada em 1945 pelo Departamento de Estado dos EUA, durante o governo do presidente Franklin D. Roosevelt, como forma de fortalecer os laços com os latino-americanos.

 

A cantora, de 30 anos, disse que quis cantar essa versão em meio às recentes ações do ICE, a agência de imigração dos EUA, em Los Angeles.

"Não achei que ouviria um 'não', especialmente porque estamos em Los Angeles e por tudo o que está acontecendo", disse ela, chorando. "Já cantei o hino muitas vezes na vida. Mas hoje, justo hoje, eu não consegui. Me desculpem. Não consegui acreditar quando ela [a funcionária dos Dodgers] entrou e disse 'não'. Mas senti que precisava fazer isso para minha gente".

"Tenho orgulho de mim por ter feito isso hoje", acrescentou Nezza. "Meus pais são imigrantes e já são cidadãos americanos há muito tempo."

Ela disse ainda que não consegue imaginar ser separada dos pais, especialmente se fosse mais jovem. Os Dodgers não se manifestaram publicamente sobre o ocorrido.

Um representante do time disse ao jornal "Los Angeles Times" que a apresentação não trará consequências para a franquia — e que Nezza será bem-vinda no estádio no futuro. A organização tem se mantido relativamente calada diante das tensões recentes na cidade. O técnico Dave Roberts foi questionado algumas vezes sobre o assunto, mas não ofereceu grandes respostas.

"Sei que quando é preciso trazer pessoas e deportá-las, todo esse tumulto afeta todo mundo", disse ele na última sexta-feira (13). "Mas não aprofundei o suficiente para poder falar com propriedade sobre isso."

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