'Cine Holliúdy 2 - A Chibata Sideral' estreia nesta quinta-feira no Recife
Entrevistamos Falcão e o diretor Halder Gomes, sobre o filme que mescla intriga política, religião e ficção científica, numa comédia que deve ser novamente sucesso de público
Uma mistura d'Os Trapalhões com o "Auto da Compadecida", com referências a clássicos do cinema como Steven Spielberg e Orson Wells e uma paleta cromática que remete aos pintores Van Gogh, Matisse e Chico da Silva. A salada criada pelo diretor cearense Halder Gomes em “Cine Holliúdy 2 - A Chibata Sideral” faz total sentido e compõe uma trilogia com os filmes anteriores, “Cine Holliúdy" e "O Shaolin do Sertão". O filme estreia no Recife nesta quinta-feira (21), e promete ser um sucesso de público como as obras anteriores.
O já conhecido "herói" Francisgleydisson (espécie de alter ego confesso do próprio Halder, que é interpretado pelo ator Edmilson Filho), após ser obrigado a fechar sua sala de exibição no início dos anos 1980 e de vender o espaço para uma igreja (situação recorrente no Nordeste nos anos 1980, quando o filme está ambientado), resolve se reinventar e começar a produzir suas próprias obras.
O resultado é uma trama rocambolesca em que o bando de Lampião batalha com alienígenas, passando por situações típicas de cidades pequenas do interior. Halder aproveita a liberdade que a comédia oferece para mostrar criticamente situações relacionadas à política, à corrupção e ao fanatismo religioso. Com um elenco que mescla figurantes e atores locais a outros conhecidos nacionalmente (como Chico Diaz, Samantha Schmütz, Miriam Freeland e Milhem Cortaz), "Cine Holliúdy 2” é uma declaração de amor muito pessoal à sétima arte.
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Se “Cine Holliúdy” abordou o fechamento dos cinemas do interior do Ceará na década de 1970, após a chegada da TV, e “O Shaolin do Sertão” retratou a chegada do videocassete nos anos 1980 como sendo a "salvação" dos aficionados pelas sessões de cinema de gênero (no caso, das artes marciais), em “Cine Holliúdy 2” Halder Gomes faz uma grande homenagem aos cineastas dos lugares mais remotos do País.
Halder Gomes diz que filme integra uma espécie de 'trilogia involuntária' - Crédito: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco
Explorando o vocabulário e a prosódia do Ceará (a ponto de legendar trechos do filme e de oferecer à imprensa um mini dicionário de "cearensês"), Halder amplia o olhar e tenta tornar universal o riso que provoca. Ele esteve no Recife para a pré-estreia do filme, nesta terça-feira (19), na companhia do cantor Falcão, que em "Cine Holliúdy 2" interpreta novamente Isaías, "um cego de muita visão" que é consultor e assistente de Francisgleydisson.
"Também vivi numa cidade pequena e na infância ia para um cinema igual àquele do Francisgleydisson", relembra o cantor, para quem o personagem tem sido um presente. "Falcão é nosso Frank Sinatra, aquele cabra que é cantor e envereda pelo cinema", brinca Halder. "Sou um Elvis", retruca Falcão, acrescentando que o filme não deve ser apenas uma trilogia. "Esse negócio de Sylvester Stalone ter feito seis Rambos é besteira, vamos chegar no décimo terceiro", ri.
Falcão e Halder Gomes, em coletiva à imprensa durante a pré-estreia no Recife - Crédito: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco
E a verdade é que "Cine Holliúdy" não deve parar por aqui. Uma série com programas inéditos e produzidos especialmente para a tevê deve entrar em cartaz no segundo semestre, na Globo. "Ainda não temos data", desconversa o diretor, explicando que nos dez episódios previstos para serem veiculados haverá, inclusive, novos personagens. O filme foi rodado em 2017 e a série, na sequência, em 2018. "Mantivemos nossa essência, o resultado não ficou pasteurizado. É lindo, ficou 'do papouco' o negócio", comemora.