Cinema São Luiz abre as portas para o festival Cine PE
Evento inicia hoje sua programação, com exibição de curtas e longas-metragens até o dia 3 de julho
A 21ª edição do Cine PE - Festival Audiovisual começa nesta terça-feira (27), no Cinema São Luiz, e segue até o dia 3 de julho. O evento, que teve 473 filmes inscritos, reúne seis filmes na Mostra Competitiva de Longas-Metragens, oito na Mostra Competitiva Curtas-Metragens Pernambucanos e outros 12 na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais.
As sessões ocorrem no Cinema São Luiz, sempre a partir das 19h30. Os homenageados deste ano serão os atores Rodrigo Santoro (sexta-feira) e Cássia Kis (sábado). Os ingressos custam R$ 5 (preço único).
A programação indica o interesse do festival em apresentar diferentes formatos, gêneros e estilos, reunindo documentários ("O jardim das aflições", de Josias Teófilo, na quarta-feira) e filmes de gênero (o policial "O crime na Gávea", de André Warwar e Marcílio Moraes, na sexta). Fora de competição, estão "Real - o plano por trás da história" (SP), de Rodrigo Bittencourt, que será exibido hoje, o longa "Atum, Farofa & Spaghetti" (SP), de Riccardo P. Rossi, além do curta pernambucano "Duas Mulheres", de Marcelo Brennand - ambos na segunda (3).
A noite de abertura conta ainda com a exibição de curtas nas mostras pernambucana ("Los Tomates de Carmelo", de Danilo Baracho) e nacional, com "Diamante, o Bailarina" (SP), de Pedro Jorge, além de curtas-metragens na Mostra Filmes Oficinas, uma parceria do Cine PE com a Prefeitura do Recife.
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Adiamentos
O festival, que inicialmente iria ocorrer no começo de maio, teve a data alterada para a última semana do mês, por questões econômicas. A segunda mudança ocorreu quando, no dia 10 de maio, dois dias depois de a programação oficial ser divulgada, sete diretores retiraram seus filmes da competição (seis curtas e um longa-metragem), alegando que "a escolha de alguns filmes para esta edição favorece um discurso partidário alinhado à direita conservadora".
"A novidade desse ano é conseguir fazer o festival", diz Sandra Bertini, diretora da produtora BPE, responsável pelo evento. "Fiz esse festival solo. Sempre tive a parceria com Alfredo Bertini, mas este ano ele não pôde participar por estar no Ministério da Cultura. Ao voltar, ele achou que não seria coerente assinar, e eu concordo com ele, já que ele não esteve em nenhum momento do festival. Então, eu estive todo o tempo sozinha", lembra Sandra. "Tive dificuldade enorme de patrocínio. É uma realidade, eventos estão fechando, e quando são feitos, estão reduzidos. É uma luta de toda a área cultural", destaca.
A retirada dos filmes da programação gerou um novo problema para o evento. "As pessoas pensam, até os realizadores que tiraram seus filmes, que é simples refazer a grade. Não é simples. Quem está à frente sabe. A gente precisa negociar com fornecedor; o patrocinador quer uma justificativa; o contrato, quando muda a data, tem que ser refeito. Temos que conversar com as pessoas que entraram na grade, tem a legendagem, então precisei de um mês. As dificuldades foram essas, mas a gente está feliz", pontua Sandra. O evento contará com legendas para deficientes auditivos durante o evento, e, na abertura, o festival contará com aparelhos para deficientes visuais.
Real
"Real - o plano por trás da história" será exibido hoje. O filme, dirigido por Rodrigo Bittencourt, é baseado em eventos reais, usando personagens inspirados em pessoas como Itamar Franco (interpretado por Bemvindo Sequeira) e Fernando Henrique Cardoso (Norival Rizzo). "Existem ali personagens reais, mas nós sabemos que um filme é uma ficção. Não existiu a intenção, por minha parte, nem por parte dos atores, de copiar trejeitos ou imitar aquelas pessoas. Estávamos ali procurando algo além disso: a alma das personagens", explica.
"O filme traz o exercício de se pensar a diferença", opina Rodrigo. "Os caras enfrentaram a esquerda e a direita para construir e realizar a maior ideia econômica já feita no Brasil. Se eles ficassem presos a esse tipo de ingenuidade, esquerda e direita, não realizariam o que conseguiram realizar, que foi salvar o Brasil da hiperinflação. O interessante é que o filme oferece material para as pessoas estudarem, saberem mais sobre o que é hiperinflação, sobre como o Brasil estava naquele momento, o que aconteceu depois do Plano. Em suma, entender parte da história do seu País", ressalta.

