Clara Moreira expõe sua gramática poética em 'Ato-desato', na Amparo 60
Em parceria com a SpotArt, a série de obras totalmente inéditas está exposta na antessala da galeria sob curadoria de Sophia Lucchesi
Há diversas formas de se abrir ao mundo através de uma obra. E uma exposição individual traz uma abertura de sentimentos, processos e traços ainda maior ao público. A artista Clara Moreira escolheu trazer seu processo criativo, seu corpo e prática de desenho como protagonistas em “Ato-desato”, sua mostra que está em cartaz na Galeria Amparo 60, na Zona Sul do Recife, desde a última sexta (18). Em parceria com a SpotArt, a série de obras totalmente inéditas está exposta na antessala da galeria sob curadoria de Sophia Lucchesi.
Autorretrato é destaque
A exposição explora os detalhes da natureza poética de Clara Moreira em 18 obras. São desenhos inéditos, em diversos formatos, tendo destaque um autorretrato em tamanho real. Todos ligados pelo fio condutor da narrativa proposta por ela, mergulhada no próprio ato do desenho. Seus traços, que saem em um trabalho minucioso e técnico, revelam corpos, movimentações e gestos. Por suas vez, são representados através de uma “gramática artística”, como ela mesma define, recheada de pássaras, seu próprio corpo, fitas de cetim e lágrimas.
Pássaras, corpo e cetim
“Eu fico brincando que as fitas de cetim são personagens, que as pássaras são personagens e meu corpo é um personagem. Mas também cores, geometria e composições são personagens, que na verdade elementos são gramáticas que eu estou ficcionando mais na exposição de agora. Eu acho que não são duas pesquisas, mas acabou que uma mesma pesquisa sobre o debruçar-se sobre o desenho e a imagem como gramáticas de poesia”, enfatiza Clara Moreira sobre o processo de composição da mostra.
Clara Moreira, artista visual e desenhista. Foto: DivulgaçãoEla frisa que enxerga que esse processo de comunicação é único para todas as obras. Que fazem parte de um único olhar ou pesquisa para os desenhos. “Por isso que nesse político, que são vários desenhos agrupados e feitos para serem vistos juntos, tem um momento que duas pássaras e no momento seguinte tem duas fitas de cetim. Eu quero que as pessoas entendam que, de alguma forma, tanto as pássaras quanto as fitas falam de um desejo de comunicação. Esse processo entre fitas e pássaras, entre eu e você, traduz bastante esse desejo”, pontua a artista.
Os voos de Clara
O processo também é algo que a curadora Sophia Lucchesi destaca sobre a mostra, como ele aparece como um dos protagonistas em determinados momentos. “O processo é muito importante e ele está presente na exposição, não só no autorretrato desenhando. Essa coisa do processo aparece no autorretrato e também em um vídeo que mostra todo o fazer, né? E tem a ver como Clara conta e da sua poética. Ele também está disponível para ver no Youtube, fruto de um edital do salão do Sesc, e também na própria exposição”, frisa Sophia.
Apesar de ter a primeira exposição individual no Recife, Clara Moreira já percorreu um caminho longo nas artes. Em evidência nos últimos anos, a artista já foi considerada em 2020 como uma das 20 artistas em destaque no Brasil pela SP-Arte, foi selecionada pelo programa “Convida”, do Instituto Moreira Salles, e para o Salão Único de Artes do SESC Pernambuco.
Com duas exposições individuais, em Portugal e Belo Horizonte, também já expôs ao lado de Tereza Costa Rêgo e Juliana Lapa em “Amantes do cio dos gatos”, também na Amparo 60. Em paralelo ao espaço físico, admiradores do trabalho da artista visual e desenhista podem acompanhar uma série de publicações no perfil da galeria no Instagram (@amparosessenta), com imagens, vídeos e detalhes do processo sendo divulgados.
SERVIÇO
"Ato-desato", de Clara Moreira
Curadoria: Sofia Lucchesi
Até 16 de julho de 2021
Onde: Galeria Amparo 60 – Rua Artur Muniz, 82, salas 13 e 14, Boa Viagem
https://www.instagram.com/amparosessenta





