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Preta Gil

Com doença de Preta Gil, "a gente se amou de uma forma como nunca tinha acontecido", diz Ju de Paull

Amiga da cantora e empresária morta no dia 20 de julho esteve com ela nos últimos meses nos Estados Unidos

Preta Gil e Ju de Paulla Preta Gil e Ju de Paulla  - Foto: Reprodução/Instagram

No começo da madrugada deste domingo (27), Ju de Paulla, amiga íntima de Preta Gil (1974—2025), foi às redes sociais para um desabafo. A DJ fez uma declaração de amor à amiga morta no último dia 20 de julho, em Nova York, nos Estados Unidos.

"Eu sei que luto é silêncio, mas eu tenho vontade de falar e escrever e expor toda hora o quanto eu amo a Preta em tudo quanto é lugar! Isso não é arrependimento de não ter dito em vida porque o que a gente mais fez foi se amar", começa o relato.

Ju, ou Jude, como é conhecida, morou com Preta nos EUA nos últimos três meses, e esteve com a cantora e empresária até os últimos momentos.

"Uns quatros dias antes de tudo acontecer, eu tava organizando os remédios dela e ela acordou e disse: Jude eu já disse o quanto eu te amo hoje? E a gente riu pq eu disse que ela precisava falar mais alto que eu não tava ouvindo. A Preta não era grudenta e eu também não, mas quando a gente se declarava uma pra outra a gente se assustava hahahaha e ria pq parecia até aquelas fotos que você vai tirar e não sabe onde coloca a mão, sabe? De tão sem jeito que a gente ficava", segue o relato.

"Mas na nossa temporada em NY o que a gente mais fez foi ser carinhosa uma com a outra! Se eu ficasse muito longe ela já me gritava para ir para perto e vice-versa. Antes da doença nossa forma de demonstrar amor eram outras, menos sendo grudenta. Essa doença é horrível em todos os sentidos mas a gente se amou de uma forma como nunca tinha acontecido antes. E isso jamais será um agradecimento por ter acontecido dessa forma o nosso amor se transformar mas que bom que deu tempo da gente experimentar uma nova forma de amar", conclui a amiga.

Na segunda-feira (21), um dia depois da morte de Preta, Jude já havia compartilhado, no Instagram, o seguinte relato: "Há três meses atrás eu larguei tudo no Brasil porque não teria lugar nenhum no mundo em que eu quisesse estar que não fosse ao seu lado. E assim foi até o último minuto da sua vida. Eu tava lá, de mão dada com você. so a gente sabe o que a gente viveu nesses três meses. Nos últimos três dias, eu vi sua luta sobre-humana. Eu tava lá, dormindo do seu lado todo dia. e estive guerreando junto com voce nos meus braços, literalmente. A gente tava tão esperançosa [...]. Eu cheguei nos EUA com você e estou voltando sem você. Eu te amo pra sempre. Não sei como vai ser".

"Sempre como um sorriso no rosto"
Em conversa com o Globo no velório de Preta Gil, nesta sexta-feira (25), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o cantor e músico Francisco Gil, de 30 anos, único filho da artista — fruto do relacionamento com o ator Otávio Muller —, afirmou que a mãe passou os últimos instantes da vida "sempre como um sorriso no rosto", como ressalta.

Ele esteve ao lado dela ao longo de todo o período em que Preta permaneceu nos Estados Unidos, nos últimos meses, a fim de se submeter a um tratamento experimental e de ponta contra um câncer de intestino.

— Nesses últimos momentos, minha mãe estava sorrindo, sabe? Ela estava recebendo o acolhimento ali da gente. E era um acolhimento também do amor do público, que ainda chegava para ela — conta o filho, ao citar o carinho dos fãs da mãe.

— Lá nos Estados Unidos, nesse período mais sossegado entre a família, continuava chegando essa energia, e isso continuava sendo um motor para ela. Ela sentia.

Uma fila com centenas de fãs de Preta Gil ocupa a Cinelândia nesta sexta-feira (25). Admiradores da artista prestam homenagens a Preta, com cartazes e faixas. Francisco Gil considera que o amor é o principal legado da mãe. Não à toa, a cantora fez questão que seu velório fosse "para cima". Ela montou uma playlist com músicas alegres que gosta e pediu para que a lista fosse reproduzida no loca. E assim a família fez.

— Acho que ela deixou essa lição em vida e isso se faz presente neste momento de passagem, de celebração à vida. É muito mais sobre a gente ver tudo que ela viveu e deixou e, então, celebrar — reforça Francisco. — Então, hoje é mais uma oportunidade de sentir isso.

Ele continua, comovido:

— É triste pra caralho. A gente não queria que nada disso tivesse acontecendo, mas a gente teve dois anos de muita luta, sabe? Então, de fato existia um sentimento muito genuíno no momento da notícia da morte. Foi como dizer: "Caramba, ela descansou". Minha mãe descansou porque, é isso, lutava pra proteger a gente também, sabe? Lutava pra poupar a gente de qualquer problema... Esta era uma sina dela. E ali nos Estados Unidos a gente teve a oportunidade de se despedir de um jeito misterioso, com eu tentando fazer com que ela não percebesse que se tratava de uma despedida também. Tentando... Mas a gente sentindo isso, assim. A gente tinha uma ligação, a gente se sentia durante a vida, foi sempre assim, a gente sentia um do outro. É isso, estou feliz por ela, por tudo que ela viveu, e agora é me prender a tudo na vida e no que ela fez de novo.

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