Conexão Recife-Amsterdam nas mostras de Renata Ramos
Artista visual pernambucana radicada na Holanda, apresenta seus trabalhos na Galeria Joana D'Arc, no Pina
A conexão entre o Recife e Amsterdam, na Holanda, fica mais estreita - cheia de conexão entre as culturas - graças à artista Renata Ramos, que apresenta suas mostras "Amsterdam em Cordel" e "Mulheres Do Bar" nesta segunda-feira (18), a partir 20h.
As duas exposições ficam até o dia 3 de janeiro, nos ambientes da creperia Anjo Solto, na Galeria Joana D'Arc, no Pina. Além disso, amanhã, ela expõe 38 quadros em formato pequeno, de 20 por 20 centímetros, na mostra "Pequenos quadros", a convite de Liliana Pinheiro, proprietária da galeria.
Residente na Europa desde 2003, Renata se debruça sobre elementos e figuras da cultura pernambucana mesclados com a paisagem e a cultura holandesas. Brinca com as linhas do nanquim e com os versos rimados em "Amsterdam em Cordel", na qual explora cenários como os cangaceiros Lampião e Maria Bonita em passeio por Amsterdam, o frevo nas ruas, a ciranda de Lia de Itamaracá em solo holandês.
"Eu fui trabalhando minha integração em Amsterdam como estrangeira e como eu via a cidade. Misturar Pernambuco com o cenário holandês virou uma coisa que está fazendo parte de todos os meus trabalhos, não só da exposição", comenta a pintora. Especificamente sobre o cordel, Renata conta que a ideia surgiu de uma conversa em que apresentou o estilo a uma colega do país que a acolheu, também artista.
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"A inspiração foi realmente a xilogravura do Nordeste e a poesia. As memórias de Pernambuco são uma forma de eu estar junto da minha origem. O Recife é muito sensorial, tudo que eu vejo tem uma história. Essa exposição é sobre estar sempre perto mesmo, misturar com uma coisa que eu vivo em Amsterdam”, desenvolve, mencionando que encontrou, no local estrangeiro, uma admiração para outras culturas.
A convivência em um país mais igualitário e o susto ao se deparar com uma onda conservadora no seu lugar de origem foi o mote para sua outra exposição, “Mulheres do Bar”, que apresenta a mulher solitária no espaço do bar, afirmando sua condição autônoma e revertendo a lógica de que boas moças não frequentam bares sozinhas. “Veio daquela doidice de ‘bela, recatada e do lar’ que foi dita e começou a brincadeira de ‘mulher disso, mulher daquilo’. Não é uma crítica, não é um trabalho conceitual, mas é uma pintura que mostra a mulher mais sozinha ou acompanhada de outra mulher, mulheres que são belas, mas podem até ser do lar, mas podem ser muito além disso”, critica Renata que, para esses quadros, se utiliza do aquarela e da tinta acrília
“Foi essa coisa de trabalhar a sensibilidade da mulher, é um olhar mais para o coletivo e menos para nós mesmos. Eu coloquei muito de mim mesma, quando eu sento e tomo um vinho sozinha. É uma coisa que tem muito mais a ver no Brasil do que na Holanda, porque as chefes da casa holandês são as mulheres”, explica. “É muito frustrante para mim ver meu País caminhando para trás”.
Serviço:
Exposições “Amsterdam em Cordel” e “Mulheres do Bar”
Nesta segunda-feira (18), às 20h, até 3 de janeiro
No Anjo Solto (Rua Herculano Bandeira, 513, Pina)
Entrada gratuita

