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Crítica: 'Crimes em Happytime' é uma comédia vulgar e inusitada

Longa-metragem conta história com humanos e bonecos, misturando os gêneros comédia e policial. No elenco de ''Crimes em Happytime', destaque para Melissa McCarthy

Cena do filme 'Crimes em Happytime'Cena do filme 'Crimes em Happytime' - Foto: Diamond Films/Divulgação

Os bonecos, que se parecem com os Muppets, adoráveis objetos de pano e algodão, podem confundir o espectador, mas desde a primeira cena que "Crimes em Happytime" deixa claro: este não é um filme infantil. Por quase 90 minutos esses bonecos fazem tudo que você pode imaginar de mais perverso e bizarro, pelo viés da comédia, entre esquartejamento, com algodão voando pelo ar, e certo material sendo expelido em momento de êxtase. Então, reforçando: não levem seus filhos. O filme está em cartaz apenas no Cinépolis Guararapes.

A péssima recepção do filme em sites que catalogam notas, como o Rotten Tomatoes e o IMDb, indica uma forte repulsa ao que "Crimes em Happytime" oferece: uma aproximação entre humor chulo, com piadas sobre os efeitos das drogas e as funções do corpo humano, e o gênero crime, com a busca por um assassino. O filme é baseado no gênero noir, o cinema policial dos anos 1940 (caracterizado pelo detetive durão, mulher misteriosa, narração em off). Isolados, esses elementos seriam clichês em tom de farsa; juntos, parecem coesos em uma ideia insólita e em certo sentido provocante de comédia.

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No filme, bonecos e seres humanos habitam o mundo. Os bonecos têm vida própria e são vistos em geral como burros ou fracos; é possível fazer leituras sociais sobre o preconceito, mas o filme não se detém muito nesse aspecto: o interesse é pela comédia. No enredo, o ex-detetive Phil (um boneco) se torna investigador depois de um acidente de trabalho. Ele recebe um caso: a boneca Sandra está sendo ameaçada de morte. A investigação o leva a assassinatos de ex-membros do popular programa "The Happytime Gang", que nos anos 1990 fazia sucesso por unir humanos e marionetes.

A maneira como "Crimes em Happytime" mistura elementos e referências transforma o filme em uma experiência vulgar e inusitada, extravagante em seus modos de humor. Há uma coletânea de cenas que fazem rir de um jeito incomum, pelo que possuem de inesperado e sórdido. O elenco do filme é composto pelas comediantes Melissa McCarthy e Maya Rudolph, mantendo um humor parecido com "Missão madrinha de casamento" (2011) e "Caça-fantasmas" (2016).

O diretor do filme é Brian Henson, filho de Jim Henson, criador dos Muppets. Pensando nessa herança cultural, tendo trabalhado em filmes como "O Conto de Natal dos Muppets" (1992) e "Os Muppets na Ilha do Tesouro" (1996), "Crimes em Happytime" é como um excêntrico grito de independência, um tipo de humor nem sempre bem recebido.

Cotação: regular

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