Crítica: 'Legalize já' mostra a formação da banda Planet Hemp
Longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira (18) no circuito nacional, conta a história do músico Marcelo D2 e sua amizade com Skunk
A importância de alguns filmes está na maneira como ressaltam histórias esquecidas ou pouco conhecidas, eventos ou personagens que precisam ser divulgados. É o caso de "Legalize já - amizade nunca morre", filme que conta a história da formação da banda Planet Hemp e do músico Marcelo D2, vocalista e hoje influente rapper na música nacional. Dirigido por Johnny Araújo e Gustavo Bonafé (de "Chocante"), o filme estreia nesta quinta-feira no circuito nacional.
A força do longa está na maneira como consegue radiografar o cotidiano de jovens cariocas com pouca grana, que para sobreviver fora do crime precisavam aceitar condições precárias de existência, preconceito, fome e diversas formas de opressão. Marcelo (Renato Góes) vende camisas de rock e escreve em seu caderninho letras politicamente engajadas sobre resistência, força, preconceitos.
Durante uma batida policial, enquanto foge com seu estoque de camisas de bandas, Marcelo esbarra em Skunk (Ícaro Silva), que antes de seguir seu caminho pega o caderno de Marcelo. Ao ler essas letras, fica fascinado pelo que possuem de críticas sociais, pela forma como sinalizam as crises das pessoas menos favorecidas.
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Skunk grava fitas cassete de bandas como Dead Kennedys e Joy Division, grupos que nos anos 1990, antes da internet, eram difíceis de acessar. Sua relação com a música vai além da satisfação, do entretenimento: é uma forma de resistência. Desse esbarrão, surgiu o embrião do que seria Planet Hemp.
Esse é o ponto alto do filme: interpretação da dupla de protagonistas, resgatando uma história pouco conhecida. O pernambucano Renato Góes sugere, em silêncio, com olhares e gestual contido, toda a ebulição emocional de Marcelo antes de ser D2, enquanto Ícaro Silva é bem sucedido no desafio de viver Skunk, sobre quem o filme parece ter carinho especial: um homem em crise, uma pessoa que antes de ir quer deixar marcas e lembranças.
O filme termina nos primeiros dias de sucesso do Planet Hemp, pouco antes de lançar o disco "Usuário", em 1995. O interesse parece ser resgatar a história de Skunk, sua importância enquanto artista e inspirador, alguém que tem o que dizer através da música e notou que a sobrevivência e o diálogo podem vir através da arte, da expressão pessoal. Parece clara a vontade de Marcelo D2, que também está entre os produtores, reforçar a importância de seu amigo não apenas para a criação da banda, como também para sua formação pessoal.
Cotação: bom

