Crítica: 'Liga da Justiça' se sobressai pela união dos personagens
Apesar do vilão fraco, filme traz o lado épico de ver os super-heróis juntos
Há algo de épico em reunir super-heróis. Fora dos seus filmes solos, os personagens ganham outra luz, e o público consegue vê-los interagir com outros do mesmo universo. Cada cena juntos traz um brilho especial, cenas que se tornam visualmente intrigantes só pelo fato de tê-los todos juntos.
“Liga da Justiça” traz esse brilho. Em um mundo pós-morte do Superman (Henry Cavill), onde a desesperança e o caos voltam a reinar pouco a pouco, Bruce Wayne (Ben Affleck), o Batman, e Diana Prince (Gal Gadot), a Mulher Maravilha, pressentem a chegada de uma força maligna — prenunciada ao fim de "Batman vs Superman: A Origem da Justiça" pelo psicótico Lex Luthor (Jesse Eisenberg).
Juntos, Bruce e Diana buscam a ajuda de outros heróis, os meta-humanos Barry Allen (Ezra Miller), Arthur Curry (Jason Momoa) e Victor Stone (Ray Fisher) — Flash, Aquaman e Ciborgue, respectivamente —, para ajudá-los a enfrentá-la.
A química do time é notável e se mescla muito bem ao tom mais leve do filme (a DC Comics parece ter aprendido com “Mulher Maravilha” que nem tudo precisa ser tão sombrio o tempo todo). Carismáticos, é fácil se apaixonar novamente pelos personagens que já conhecemos e abrir o coração para a simpatia de Barry, a intensidade de Victor e a potência de Arthur. Cada personagem ganha um pouco de destaque, com uma pitada de histórias de origem que explicam, mas não entregam toda o núcleo por trás dos personagens (afinal, os filmes solos vem por aí — "Aquaman" tem data de estreia para 21 de dezembro de 2018).
Mas o ponto alto do filme é, definitivamente, o conjunto — seja lutando ou apenas conversando, a interação entre os personagens é singular. Algo parece clicar quando estão juntos, e qualquer incerteza sobre a química entre eles parece sumir.
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“Liga da Justiça” tem seus problemas, é claro. Um deles é seu antagonista, Lobo da Estepe: simples demais, ele acaba por ser um vilão fraco que passa o filme prenunciando seu terror, mas é facilmente enfrentado quando chega a hora. Mas isso não prejudica o filme, já que seu destaque maior é a formação da Liga e a construção de seus personagens — vilões e afins acabam ficando em segundo plano.
O maior defeito do longa talvez seja ser um pouco rápido demais. Talvez isso venha de seus muitos personagens e da sensação de querer vê-los mais profundamente. Talvez, em uma versão estendida, o filme venha a suprir essa necessidade e alcançar uma narrativa plena.
Apesar de sentido ao longo de algumas cenas — como as câmeras lentas e os close-ups que já lhe definem —, o dedo de Zack Snyder não está tão presente quanto deveria para um filme que se diz dirigido apenas por ele. Acontece que, após Snyder se retirar da produção por causa de uma tragédia familiar, o longa teve a colaboração de Joss Whedon, roteirista do filme e diretor de "Vingadores – Era de Ultron", da Marvel. O resultado são cenas que mesclam o estilo dos dois (ao contrário do que prega o próprio Joss, afirmando que o longa é completamente de Snyder e, por isso, só seu nome integra o quesito direção).
“Liga da Justiça”, por fim, revisita os personagens que já conhecemos e traz novos, expandindo cada vez mais o universo cinematográfico da DC. O arco de cada personagem se funde ao próximo e o filme não deixa de explorar mitologias já conhecidas pelos espectadores (como Themyscira, a ilha das amazonas) e atentar também para um futuro com outros personagens e mitologias dos quadrinhos (alguém viu um Lanterna Verde por aí?).
É como o diálogo trocado entre Bruce e Diana: “Seis cadeiras”, sim, mas “com espaço para mais”. E que isso não fique restrito apenas aos heróis... atenção às duas cenas pós-créditos!
Cotação: Bom

