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Literatura

Em meio a liberdades, Gentil Porto Filho estreia como escritor em "Livro Fechado"

Professor, pesquisador e artista plástico, Gentil impôs em prosas e versos as facetas da arte e suas diversas linguagens

Gentil Porto Filho, artista plástico e escritorGentil Porto Filho, artista plástico e escritor - Foto: Divulgação

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Uma página em branco somada à liberdade de ideias e percepções. Se para um escritor seja esta, talvez, as melhores das combinações, para um artista, é possível que o limiar da perfeição passe por esse cenário.

Foi este o caminho tomado pelo professor, pesquisador e artista plástico Gentil Porto Filho em sua estreia literária com “Livro Fechado”, uma espécie de “manifesto-ensaio--provocação-em-prosa-poética”, como bem pontuou o jornalista Fabio Victor, que assina o prefácio. 

“Sinceramente, não sei bem o que fiz neste livro. Sentei em frente ao computador como se diante de uma tela em branco. O único princípio que me impus foi justamente o de escrever sem projeto nem processos preestabelecidos. Parece-me que havia apenas a necessidade de escrever livremente”, ressalta Gentil, em conversa com a Folha de Pernambuco.

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Concebido a partir de 2017 e com a única imposição de “um número de páginas a ser preenchido”, “Livro Fechado” – comercializado pelo próprio autor através de sua rede social (Facebook) - instiga o leitor a seguir adiante mas não sem antes questionar sobre as intenções dos escritos.

Assim como se torna comum divagar acerca da diversidade de temas trazidos à tona, que necessariamente não trazem elos entre si. Fato que leva à escolha aleatória em se debruçar sobre em quaisquer umas das passagens que constam na publicação. 

“Talvez pelo fato de ter a necessidade de escrever livremente, tenha me levado a este fluxo de imagens e percepções. Do título do livro, penso que me veio como uma síntese de ideias contraditórias. Parecia-me um trabalho fechado nele mesmo, aparentemente independente do exterior. Ao mesmo tempo, me parecia também o mais aberto possível, porque sem temas, estruturas ou técnicas predefinidas, o que também me recordou da Caixa de Pandora. Uma caixa fechada, mas para ser aberta e liberar ‘todos os males do mundo’”, enfatiza.
 

 

Professor (de Teoria da Arte), com formação em arquitetura, pesquisador e artista plástico. Para Gentil, não há como separar os ofícios, já que enxerga “cada uma dessas práticas como um momento da outra”.

Embora multifacetado profissionalmente, o seu pulsar na literatura despontou há pouco, mesmo que seja por este viés da arte que ele se sinta mais livre. “Foi a literatura que me proporcionou as impressões mais marcantes, e que também me estimulou a buscar sempre uma escrita mais livre e experimental”.

Ainda como diria Fabio Victor, a obra é “um labirinto, um jogo de espelhos, um caleidoscópio”. De fato é. E nesse invólucro que aconchegou os escritos do autor está a intensidade dos versos levados por ideias de quem dispensou regras, curvou-se às diversas linguagens artísticas e compilou, em páginas, passagens, ora contraditórias mas realistas para o ele se propôs como artista. 

“Acho que em tudo que se escreve há um duplo movimento de afirmação e negação de si mesmo. Afirma-se negando-se, e nega-se afirmando-se. Esta passagem me parece representativa desse movimento. Acho que um dos aspectos das artes plásticas no livro é justamente o fluxo e a colagem de situações próprias da linguagem da performance, algo “entre o gesto e o pensamento”, explica Gentil que, dentro em breve, deseja retornar em letras com o poema “Eclesiástico”, previsto para 2021.

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