Frederico Pernambucano de Mello lança "Guerra em Guararapes & outros estudos”
Autor mostra versatilidade ao tratar de temas como os vaqueiros e o cangaço e faz tarde de autógrafos na Academia Pernambucana de Letras
Historiador, formado em Direito, ocupante da cadeira 36 da Academia Pernambucana de Letras (APL) e membro de institutos históricos de vários estados do Nordeste, Frederico Pernambucano de Mello aproveitou de sua formação plural para publicar uma obra que segue esse caminho. Assim “Guerra em Guararapes & outros estudos” chega ao público nesta segunda-feira (28), com lançamento, às 16h, na sede da própria APL.
O livro reúne trinta estudos publicados e revisitados pelo autor sobre diversos temas ligados ao Nordeste. “Até então, todos os meus livros eram de tema único, mas a editora percebeu, através de uma pesquisa de opinião, que quem me lê queria saber mais sobre mim. Não sobre a minha vida particular, mas sobre a minha versatilidade. Assim, concordei contando que o tema principal fosse a história do Nordeste. E o livro é resultado disso”, pontua o autor.
Os vaqueiros e o cangaço, assim como suas crenças, os mitos, os costumes, contos, cantos e lendas compõem a maior parte da coletânea. “Procurei reunir esclarecimentos históricos que não se encontram nos livros didáticos. Abordo principalmente o universo mental do vaqueiro do Nordeste. Acho fundamental conservar essa herança de um grupo que já é raro. Já não temos os mesmos traços de vegetação de antes, é menos espaço para a existência dos vaqueiros”, ressalta Mello.
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Outros textos falam de aspectos sanguinolentos, como o extermínio das tribos indígenas para expansão do território do gado, ou mesmo as castrações feitas por Lampião.
O sexto estudo foi destacado pelo autor como um dos mais importantes do livro para quem deseja uma leitura ligada à realidade do Brasil atual. “O sexto capítulo aborda a obra de Joaquim Nabuco para além do aspecto estético", observa.
Segundo ele, os políticos reproduzem padrões que já foram realizados ao longo da história e, neste estudo, é possível perceber a repetição. "Ele já falava, nos tempos de Canudos (1896-97), que a classe política sofria de uma inobjetividade absoluta, eles governam dissociados da realidade do país, mergulhados num universo de abstração. É uma das coisas repetitivas, mais sociológicas que históricas, que compõem a trajetória do nosso país”, explicou.
Curioso
Ao contrário do que a gente pode imaginar, o nome pelo qual Maria Gomes de Oliveira é conhecida não veio do Nordeste. “Maria Bonita surgiu de uma conspiração urbana. Era título de filme na década de 1930 e foi escolhido por um conjunto de jornalistas cariocas para nomear a mulher de Lampião porque sempre chegavam nomes contraditórios à redação”, explica o historiador.
Todos os textos foram revisitados e revisados com informações que chegaram depois, com um olhar mais calmo, sem a ligeireza de algo que está prestes a ser publicado. Então, pode-se dizer que eles têm um caráter de ineditismo.
Serviço:
Lançamento do livro “Guerra em Guararapes e Outros Estudos”, de Frederico Pernambucano de Mello
Na Academia Pernambucana de Letras (Av. Rui Barbosa, 1596, Graças)
Nesta segunda-feira (28), às 16h

