Livro sobre origens do preconceito contra nordestinos será lançado na Fenearte; saiba mais
Jornalista Márcio Bastos será o mediador do bate-papo que será seguido de uma sessão de autográfos
Como se constrói um preconceito? Quando o Nordeste passou a ser retratado como sinônimo de atraso, miséria e ignorância? E por que essa imagem - injusta, imprecisa e persistente - ainda marca o imaginário nacional?
Essas são algumas das perguntas que movem "Só sei que foi assim: a trama do preconceito contra o povo do Nordeste", livro do jornalista e pesquisador Octávio Santiago, publicado pela Autêntica Editora.
O lançamento em Pernambuco acontece na próxima sexta-feira, dia 18 de julho, às 19h, em Olinda, dentro da programação da Fenearte, a Feira Nacional de Negócios do Artesanato, no espaço Conversas Instigantes.
O autor participa de um bate-papo com o jornalista Márcio Bastos, seguido de sessão de autógrafos. Esta será a primeira vez que o livro é lançado no estado.
Resultado de sua pesquisa de doutorado na Universidade do Minho, em Portugal, a obra traça um percurso histórico, político e cultural sobre como se construiu e se mantém uma imagem estigmatizada do povo nordestino.
A estrutura do livro se inspira na dramaturgia clássica, dividida em cinco atos que abordam os pilares do preconceito: desigualdades estruturais, racialização, monotematização (seca, fanatismo, violência), oposição e interesses regionais, e estereótipos físicos e culturais.
Ao longo da narrativa, Octávio articula fatos históricos, discursos midiáticos e referências artísticas para desmontar ideias cristalizadas sobre o Nordeste e propor um novo espelho para olhar o Brasil.
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Entre os destaques, o autor propõe o conceito de “Complexo de Macabéa”, em referência à personagem de Clarice Lispector em "A hora da estrela", como símbolo do apagamento identitário imposto à população nordestina.
Ele também analisa episódios emblemáticos, como a repercussão de representações contemporâneas e o infame caso do "homem gabiru”, matéria da Folha de S. Paulo em 1991 que comparava nordestinos pobres a uma “nova espécie humana”.
Outro ponto relevante da obra é o registro da recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que passou a reconhecer injúrias contra nordestinos como crime de racismo, marco jurídico que reforça o papel do livro no debate público contemporâneo.

