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Mariana Santos ri dos próprios medos em 'Só de amor'

Atriz e comediante carioca traz ao Recife seu primeiro monólogo, com sessão neste sábado, no Teatro RioMar

Mariana Santos sobe ao palco com direção do marido, Rodrigo Velloni Mariana Santos sobe ao palco com direção do marido, Rodrigo Velloni  - Foto: Priscila Prade/Divulgação

Conhecida pelo bom humor que esbanja na televisão, a atriz e comediante Mariana Santos iniciou sua carreira no teatro. Sem atuar em um espetáculo desde 2015, quando esteve em cartaz com "A comédia das maldades", a artista carioca decidiu voltar aos palcos com o primeiro texto de sua autoria. Na tragicomédia musical "Só de amor", ela interpreta uma cantora em crise, que será conhecida pelo público pernambucano neste sábado, às 21h, no Teatro RioMar.

Com direção de Rodrigo Velloni, marido de Mariana, a peça nasceu de uma necessidade artística da atriz. "Já vinha desejando escrever um solo há alguns anos, mas fui deixando as ideias paradas por falta de tempo. Depois, mais livre, fui revisitar os textos que eu já tinha, encontrei coisas que eu não gostava e acabei reescrevendo tudo", conta a artista, que chegou a estudar convites e procurar obras de outros autores, mas não conseguiu se identificar com nada.

Não é que essa seja a primeira experiência de Mariana como autora. Antes da fama, ela escreveu e protagonizou alguns esquetes, com duração entre 10 e 15 minutos, para shows de humor levados aos palcos do Rio de Janeiro. No entanto, esse é o primeiro monólogo completo de sua autoria. "Eu amo muito estar no palco. A TV consume muito de mim, mas o teatro é o que me alimenta. Preciso disso para viver. Por isso, assim que encontrei uma brecha na agenda, me joguei de cara", afirma.

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Acostumada a fazer o telespectador gargalhar, a atriz mostra no teatro que é capaz de fazer mais do que o óbvio. Embora o riso esteja presente no solo, ele surge quase sempre acompanhado de certa dose de melancolia. A personagem central da dramaturgia se chama Malu, uma cantora que está prestes a iniciar um show quando é acometida pelo pânico. Nos bastidores, enquanto bebe e fuma compulsivamente, revela seus maiores medos e traumas.

Há traços autobiográficos na história de Malu. Aos 42 anos, Mariana já revelou publicamente que, desde criança, lida com as dificuldades da síndrome do pânico. Apenas a vocação foi capaz de fazer o medo diminuir. "Sofri a vida inteira com isso e foi o teatro que me libertou. Eu tinha muita dificuldade em sair de casa, mas como a vontade de estar em cena e a necessidade de trabalhar eram maiores, fui levando adiante e vencendo aos poucos os meus fantasmas. No lugar onde deveria estar mais exposta e vulnerável é onde me sinto bem", diz a carioca, que continua fazendo terapia para tratar a doença.



Na dramaturgia, Mariana misturou vivências pessoais e situações completamente fictícias. O objetivo é falar sobre a complexidade da mente humana e da variedade de sentimentos que ela produz. Graças a isso, a artista conta que tem recebido reações positivas do público desde fevereiro, quando estreou a peça em São Paulo. "Sinto que as pessoas se identificam com vários momentos do espetáculo, seja nas partes cômicas ou nas mais delicadas. Falo de amor, angústias, relacionamento com pai e mãe, perdas: tudo o que faz parte da vida de todo mundo", aponta.

Ao mesmo tempo em que serve de inspiração para quem a assiste, a montagem não deixa de ser um momento de catarse para a atriz. "É tão libertador poder colocar para fora, através da minha arte, coisas tão pessoais. Ainda melhor é poder fazer humor com isso. Acredito que todos nós precisamos rir um pouco das nossas próprias tragédias", comenta. As cenas são costuradas por versões mais adultas de cantigas de roda, compostas em parceria com a diretora musical Fernanda Maia.

O fato de ser dirigida pelo esposo, segundo a artista, facilitou ainda mais o processo artístico. "Cada coisa que eu escrevia ia dividindo com o Rodrigo, que sempre me encorajava a produzir mais. Quando terminei, ele disse que queria me dirigir. Essa conexão entre diretor e atriz, sobretudo em um projeto solo, tem que ser muito íntima. É um prazer enorme estar com ele na vida e no trabalho. Ele é o grande amor da minha vida", declara-se. O casal se conheceu trabalhando, em 2012, na peça "Atreva-se", dirigida por Jô Soares.

Desde que estreou no programa "Zorra Total", em 2006, Mariana vem emendando trabalhos na Rede Globo. Fez parte da bancada do "Amor e sexo", de 2012 a 2018. Em 2017, estreou sua primeira novela, "Pega Pega" e, atualmente, faz parte do elenco de "Malhação: Toda forma de amar". Assim que finalizar a trama teen, começa a gravar a série "Amor crônico", ao lado de Marcelo Serrado, para o GNT. "As coisas vão acontecendo. Fiz o 'Zorra' durante dez anos. Foi uma escola e tanto. Depois, pude mostrar um outo lado para as pessoas. Agora, interpreto a mãe de dois adolescentes, uma mulher forte, guerreira e batalhadora. Adoro trabalhar com atores mais jovens, trocando experiências", confessa.

Serviço

Espetáculo "Só de amor", com Mariana Santos
Quando: neste sábado, às 21h
Onde: Teatro RioMar (av. República do Líbano, 251, 4º piso, RioMar)
Quanto: de R$ 45 (balcão/meia-entrada) a R$ 120 (plateia baixa central)

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