Memória viva da nossa música, Danilo Caymmi se apresenta no Recife

Desde muito cedo, Danilo Caymmi se viu cercado por grandes nomes da música brasileira. Filho mais no­vo do icônico músico baiano Dorival Caymmi, musicalmente apadrinhado por Tom Jobim, o artista carioca encara como missão levar adiante o legado de suas principais referências. Esse resgate da memória, que o cantor faz questão de levar aos seus shows, estará presente quando ele subir ao palco do Teatro de Santa Isabel, nesta quarta-feira (15), às 20h30, pelo projeto “Canto Brasil”.

“Tocar os compositores antigos é de uma importância fundamental. Hoje em dia, há um déficit grande no que diz respeito à memória. Por isso, abraço o dever de levar ao público a beleza dessas composições. Até gosto que se refiram a mim como o filho de Dorival. Não deixa de ser uma maneira de fazer com que o nome dele continue vivo”, defende Danilo.

“Danilo Caymmi canta Tom Jobim”, último trabalho lançado pelo músico carioca, revela uma vontade de homenagear quem exerceu papel de mestre em sua vida. “Nossa relação começou na minha adolescência e foi até o fim da vida dele. Toquei na banda dele durante dez anos e ele acabou me descobrindo como cantor. Na verdade, foi além do profissional. Sou padrinho da filha mais novo de Tom, Maria Luiza”, conta.

Lançado em 25 de janeiro de 2017, dia do aniversário de nascimento de Tom, o álbum vem arrancando elogios da crítica especializada e dos fãs. “Estou muito feliz com a repercussão desse projeto. Agora, estou preparando uma banda e correndo atrás para ensaiar e percorrer as cidades com a turnê dele. Ainda não tenho uma data definida, mas deve começar por Fortaleza. Pela primeira vez, quero dar início pelo Nordeste”, adianta.

Enquanto a nova turnê não sai do papel, o público recifense pode conferir Danilo cantando um repertório de músicas próprias e de outros compositores. Nesta apresentação, ele surge acompanhado ao violão por Davi Mello, músico do grupo Noites do Norte. “É um espetáculo feito para o público se divertir. Há um clima de descontração, porque eu e Davi gostamos de brincar, imitar outros cantores e fazer versões de clássicos em outros ritmos”, revela. A abertura do show fica por conta da cantora pernambucana Cláudia Beija.

Clã musical

Com 53 anos de trajetória artística, Danilo precisou aprender a lidar com os privilégios e empecilhos de carregar um sobrenome que é sinônimo de música. “De certa maneira, seguir carreira sendo um Caymmi foi difícil no começo. As pessoas têm uma fantasia de que você tem que ser igual ao seu pai. O que acontece é que, no fim das contas, o público acaba aprendendo a separar as coisas”, afirma. Agora, o músico assiste ao sucesso de sua filha, Alice, que desponta seguindo por um caminho musical diferente do traçado por seus familiares. “Meu pai me ensinou a ousar sempre e acho que transmiti um pouco disso também para ela”, comenta.

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