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Multidão lota casa de shows para ver Maria Bethânia

Após entrada confusa, com problema no som, cantora baiana levou adiante performance repleta de sucessos

Show de Maria BetâniaShow de Maria Betânia - Foto: João Vitor Alves/Divulgação

Foi a voz que a tirou de cena para o show de 2015 e, de novo, ela quem atrapalhou o show de Maria Bethânia na capital pernambucana. Mas, dois anos atrás, a cantora baiana de quase 71 anos (a serem celebrados em 18 de junho) ficou afônica devido a uma forte gripe e adiou a apresentação em alguns meses, no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções. Na noite deste sábado (18), o problema não foi de saúde, e sim de caráter técnico.

Às 22h35, ao entrar para a primeira canção, “Emoções”, a projeção da voz da artista estava muito baixa, o que motivou revolta na plateia que abarrotava o Classic Hall. Os espectadores gritaram repetidas vezes em coro: “Cadê o som?”.

Bethânia, que havia adentrado a boca de cena com top de cor clara e saia brilhante prateada, deu as costas e voltou para os bastidores, seguida dos músicos de sua banda. Só retornariam dez minutos depois. De braços abertos, questionadora: “Boa noite! Vocês estão me ouvindo?”, para, enfim, soltar o vozeirão grave em um dos maiores sucessos de Roberto Carlos.

“Difícil começar o show numa cidade que amo com tanta fidelidade. Isso é um trabalho para Iansã, são 53 anos pisando no palco, pode até ter uma quebradeira de lado, mas deixe com ela”, ressaltou a artista, sobre a força arrebatadora que toma conta dela ao cantar e a relação com seu santo no candomblé.

Em nota oficial repassada pela assessoria de comunicação, o Classic Hall esclarece que o som e luz do show de Maria Bethania no Recife foram de inteira responsabilidade da artista. A falha no início do show ocorreu devido ao técnico da artista ter esquecido de abrir um dos canais de som.

Superada a entrada confusa, a cantora baiana tratou de desfiar um repertório entre o romântico e o dançante, marcado por medleys. A primeira etapa do show, em que entraram trechos de músicas famosas como “Índio”, “Negue”, “Ronda”, “Gostoso Demais”, empolgou mais que a segunda, quando Bethânia parecia ter arrefecido os ânimos.

Entre um sucesso e outro, mudavam a iluminação (em tons de azul, vermelho, branco) e os trejeitos, como em “Fera Ferida”, em que ela fechou o punho levado à altura do coração ao final da letra, e foi ovacionada, mais uma vez, pelos fãs. A cantora deixou o palco para breve intervalo, a banda ficou. Tocaram “Que nem jiló” e logo Bethânia retornou, ainda com mesmo figurino, e defendendo a dramática “Sangrando”, de Gonzaguinha.

Os telões só foram acionados única e exclusivamente em uma das faixas da performance, quando a baiana reverenciou o amigo Naná Vasconcelos, que nos deixou em março do ano passado. As imagens mostravam a participação de Bethânia ao lado do multiinstrumentista pernambucano na abertura do Carnaval do Recife. Ela, ajoelhada como quem faz uma prece, cantou trecho de “Fevereiro em Santo Amaro” e “Frevo Número 2”. Afirmou que Naná era a “estrela mais nobre” a chegar ao céu e que todos os acordes daquela noite eram dele. “Quero homenageá-lo com alegria e música”, cravou.
Para o bis, quase não houve intervalo, e a artista soltou “Explode coração”, a capela.

Eram mais de cinco mil pessoas, camarotes esgotados desde o ano passado, e o Classic Hall pisou na bola na estrutura. Além da mancada do som baixo na primeira faixa, quase não se entendia o que Bethânia falava com o público, nos intervalos entre as músicas. Triste também foi enfrentar as filas intermináveis para conseguir comprar bebida, e sair do estacionamento (mesmo tendo pago o tíquete antecipado, fiquei 50 minutos para deixar o local e contornar a avenida Agamenon Magalhães, tamanha a confusão de carros, táxis e uber, dentro e fora do espaço).

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