Na potência máxima: Elza Soares une vozes pela resistência no Red Bull Music Festival São Paulo
Cantora Elza Soares mostrou o show 'Deus é Mulher' junto ao grupo Ilú Obá de Min, na Casa Natura Musical
O poder de Elza Soares junto ao ritmo do grupo paulista Ilú Obá de Min marcaram o show "Deus é Mulher", em referência aos mais recente disco da cantora. Talvez a palavra "show" não dê a dimensão mais adequada, porque o que o encontro promoveu foi uma vivência. No palco, a cantora Elza Soares, junto a sua banda, contou com a participação do grupo formado por mulheres entre percussionistas e cantoras. A força feminina negra ecoou na Casa Natura Musical, em São Paulo, onde ocorreu, nesta quarta-feira (28), a apresentação dentro do Red Bull Music Festival São Paulo.
A partir daí, músicas como "Dentro de cada um" - com versos como "a mulher dentro de cada um não quer mais silêncio" - "A carne" - "a carne mais barata do mercado é a carne negra" - foram tomadas por um furor. Aclamada pelo público, Elza Soares respondeu à altura. "Como é bom todo mundo junto. Há quantos anos não via isso. Brasil, somos todos pretos. Não inventa ideia", disso no palco para, logo em seguida, cantar "Deus é mulher". Entre tantos momentos intensos da apresentação, a performance dos bailarinos em "Exú nas escolas" foi catártica.
Leia também:
Com novo disco, Elza Soares celebra trajetória: 'Que mulher incrível'
Elza Soares lança novo álbum, 'Deus é Mulher'
[Vídeo] Elza, Maiara e Maraisa e Conka gravam música sobre igualdade de gênero
A artista também interpretou músicas do disco "A mulher do fim do mundo", com "Maria da Vila Matilde", convocando todas as mulheres a cantar o refrão "cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim". "A gente está esperta", avisou no final da canção. E, claro, não podia faltar a música-título do álbum.
A parceria de Elza Soares com o Ilú Obá de Min demonstra, mais uma vez, o quanto a artista se reinventa, atenta ao novo e sendo porta-voz da luta e da resistência. ''Eu contenho todas as potências de todas as mulheres. Com potência de todas, eu me sinto forte", declarou Elza, em entrevista após o show.
O encontro surgiu no Carnaval de 2016 com a homenagem do bloco a Elza Soares. "Ali foi o começo de uma junção. E quando veio a gravação do álbum 'Deus é mulher', surgiu o convite para participarmos de duas faixas no álbum, 'Dentro de cada um' e 'Banho'", explica Baby Amorim, produtora e percussionista do Ilú Obá de Min. Daí até o festival Red Bull Music, foram oito apresentações.
"Eu acho que Elza é uma referência importante para toda mulher negra, pois ela superou várias barreiras. Morreu, renasceu. E essa é a vida dela porque é uma mulher que vence sempre. Diante de todas as adversidades, soube dar a volta por cima. Estar com ela não é só um momento de glamour, é uma potência mesmo. A gente toca com muito amor".
Fusão
Com 14 anos de trajetória, o Ilú Obá de Min começou como um bloco de Carnaval com o objetivo de incentivar a participação feminina no batuque. Na fusão promovida pelo grupo estão o candomblé, o jongo, o maracatu e a ciranda.
Na tela
Entre os projetos para o próximo ano, Elza Soares adianta que será lançado um documentário sobre sua trajetória. A produção, que deve ter como título "Elza", tem à frente o cineasta Eryk Rocha. Filho de Glauber Rocha, o diretor tem em seu currículo obras como "Rocha que voa", "Cinema novo" e "Jards", esta sobre o músico Jards Macalé.
Nesta sexta-feira (30)
O evento segue nesta sexta-feira (30), com o guitarrista pernambucano Lúcio Maia (da banda Nação Zumbi), ao lado de Mauricio Fleury e BNegão, recriando o clássico disco "Krishnanda", do percussionista Pedro Sorongo.
*Viajou a convite do Red Bull Music Festival São Paulo

