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Na potência máxima: Elza Soares une vozes pela resistência no Red Bull Music Festival São Paulo

Cantora Elza Soares mostrou o show 'Deus é Mulher' junto ao grupo Ilú Obá de Min, na Casa Natura Musical

Cantora fez show no Red Bull Music Festival São Paulo, junto ao grupo Ilú Obá de MinCantora fez show no Red Bull Music Festival São Paulo, junto ao grupo Ilú Obá de Min - Foto: Felipe Gabriel e Fabio Piva/ Red Bull Content

O poder de Elza Soares junto ao ritmo do grupo paulista Ilú Obá de Min marcaram o show "Deus é Mulher", em referência aos mais recente disco da cantora. Talvez a palavra "show" não dê a dimensão mais adequada, porque o que o encontro promoveu foi uma vivência. No palco, a cantora Elza Soares, junto a sua banda, contou com a participação do grupo formado por mulheres entre percussionistas e cantoras. A força feminina negra ecoou na Casa Natura Musical, em São Paulo, onde ocorreu, nesta quarta-feira (28), a apresentação dentro do Red Bull Music Festival São Paulo.

A partir daí, músicas como "Dentro de cada um" - com versos como "a mulher dentro de cada um não quer mais silêncio" - "A carne" - "a carne mais barata do mercado é a carne negra" - foram tomadas por um furor. Aclamada pelo público, Elza Soares respondeu à altura. "Como é bom todo mundo junto. Há quantos anos não via isso. Brasil, somos todos pretos. Não inventa ideia", disso no palco para, logo em seguida, cantar "Deus é mulher". Entre tantos momentos intensos da apresentação, a performance dos bailarinos em "Exú nas escolas" foi catártica.

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A artista também interpretou músicas do disco "A mulher do fim do mundo", com "Maria da Vila Matilde", convocando todas as mulheres a cantar o refrão "cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim". "A gente está esperta", avisou no final da canção. E, claro, não podia faltar a música-título do álbum.

A parceria de Elza Soares com o Ilú Obá de Min demonstra, mais uma vez, o quanto a artista se reinventa, atenta ao novo e sendo porta-voz da luta e da resistência. ''Eu contenho todas as potências de todas as mulheres. Com potência de todas, eu me sinto forte", declarou Elza, em entrevista após o show.

O encontro surgiu no Carnaval de 2016 com a homenagem do bloco a Elza Soares. "Ali foi o começo de uma junção. E quando veio a gravação do álbum 'Deus é mulher', surgiu o convite para participarmos de duas faixas no álbum, 'Dentro de cada um' e 'Banho'", explica Baby Amorim, produtora e percussionista do Ilú Obá de Min. Daí até o festival Red Bull Music, foram oito apresentações.

"Eu acho que Elza é uma referência importante para toda mulher negra, pois ela superou várias barreiras. Morreu, renasceu. E essa é a vida dela porque é uma mulher que vence sempre. Diante de todas as adversidades, soube dar a volta por cima. Estar com ela não é só um momento de glamour, é uma potência mesmo. A gente toca com muito amor".

   Fusão

Com 14 anos de trajetória, o Ilú Obá de Min começou como um bloco de Carnaval com o objetivo de incentivar a participação feminina no batuque. Na fusão promovida pelo grupo estão o candomblé, o jongo, o maracatu e a ciranda.

Na tela

Entre os projetos para o próximo ano, Elza Soares adianta que será lançado um documentário sobre sua trajetória. A produção, que deve ter como título "Elza", tem à frente o cineasta Eryk Rocha. Filho de Glauber Rocha, o diretor tem em seu currículo obras como "Rocha que voa", "Cinema novo" e "Jards", esta sobre o músico Jards Macalé.

Nesta sexta-feira (30)

O evento segue nesta sexta-feira (30), com o guitarrista pernambucano Lúcio Maia (da banda Nação Zumbi), ao lado de Mauricio Fleury e BNegão, recriando o clássico disco "Krishnanda", do percussionista Pedro Sorongo.

*Viajou a convite do Red Bull Music Festival São Paulo

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