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Quarteto de vilões entra em rota de colisão em reta final de "No Rancho Fundo"

"No Rancho Fundo" aposta na briga entre vilões para movimentar o final

"No Rancho Fundo", da Globo"No Rancho Fundo", da Globo - Foto: Divulgação

Grande parte da movimentação dos folhetins é fruto das ações dos vilões. E é daí que vem toda a agitação de “No Rancho Fundo”.

Com apenas mais uma semana de exibição, a atual novela das seis segue sendo sacudida por seu quarteto antagonista formado por Deodora, Ariosto, Marcelo e Blandina, papéis de Débora Bloch, Eduardo Moscovis, José Loreto e Luisa Arraes.

Com alto potencial de destruição e influência sobre outros personagens, os quatros já firmaram e desfizeram diversas alianças ao longo da exibição da novela.

De forma dinâmica, o autor Mário Teixeira soube dosar muito bem os altos e baixos dos vilões e, nos capítulos mais recentes, destacou Blandina como a principal malvada da trama.

Em vez de apenas apostar na tradicional disputa entre bem e mal, Teixeira garantiu diversão extra ao contrapor princípios e interesses de seus personagens, humanizando e escalando suas ações.

No jogo, Blandina acabou ganhando mais espaço justamente por conta da sina ambiciosa da personagem e do bom desempenho de Arraes. Filha de Guel Arraes e Virgínia Cavendish, a atriz está na tevê desde cedo e teve todas as oportunidades que uma nepo baby tem direito, incluindo uma mocinha no fracasso “Babilônia”, de 2015, e uma protagonista na minissérie “A Fórmula”, de 2017.

Totalmente segura da função de Blandina em “No Rancho Fundo”, Arraes parece se divertir em cena ao dar vida aos planos nebulosos da personagem, à vontade com o tom cômico que marca a produção, mas também garantindo sequências emotivas que envolvem as dificuldades sofridas no passado pela vilã e sua mãe, a ingênua Castorina, de Fatima Patricio.

Sem a admiração materna ou o amor de Arthur, de Túlio Starling, é fácil perceber que mesmo que roube toda a fortuna da família Leonel, o grande problema de Blandina é mesmo a solidão.

Propositalmente lúdica, tudo em “No Rancho Fundo” remete ao esquema de contos de fadas, com fortes referências ao imaginário de autores como Ariano Suassuna e Artur Azevedo. Isso aparece tanto na iluminação mais teatral quanto nos cenários externos e internos, que se revelam verdadeiras pinturas inspiradas na cultura nordestina.

São as histórias e personagens, entretanto, que entregam o equilíbrio necessário para que a novela ganhe em realidade e conexão com o público atual.

Ao tirar atores de personagens mais óbvios, casos de Andrea Beltrão, Alexandre Nero e Mariana Lima, e apresentar boas surpresas como Larissa Bocchino e Igor Fortunato, a novela também garantiu o frescor que faltava ao horário, recolocando a audiência da faixa acima dos 20 pontos e fazendo sucesso no Globoplay.

Continuação do universo iniciado pelo autor em “Mar do Sertão”, de 2022, “No Rancho Fundo” trilhou caminho independente e criativo, abusando dos clichês das tramas das seis, mas sem menosprezar a inteligência e vontade de se divertir do público.

“No Rancho Fundo” – Globo – de segunda a sábado, às 18h20.

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