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O forró autêntico de Jurandy da Feira

Músico baiano radicado no Rio continua na defesa do ritmo e recorda amizade com Luiz Gonzaga, que foi seu padrinho no meio artístico

Jurandy da FeiraJurandy da Feira - Foto: André Nery/Folha de Pernambuco

Nascido na cidade de Tucano, no Sertão baiano, Jurandy Ferreira Gomes, o Jurandy da Feira, ganhou um padrinho forte na carreira artística, que o levaria a passar grande parte da vida bem longe de suas origens no mapa brasileiro. Mas, ainda assim, sua essência nunca deixou de estar bem perto do Nordeste, ao tomar em consideração suas escolhas estéticas e de repertório. Hoje, aos 67 anos, o cantor, compositor e violeiro radicado há 40 anos no Rio de Janeiro parece reviver as emoções da juventude ao falar de Luiz Gonzaga, um dos grandes nomes da música nacional, e pelas mãos de quem alcançou o sucesso.

Envolvido em outros projetos, como um disco de samba, ele esteve em viagem ao Nordeste no mês de abril, para divulgar seus discos e fazer contatos para shows no São João de 2017. Esteve no Recife, onde deu entrevista à Rádio Folha 96,7 FM, e visitou João Pessoa e Campina Grande. Para Jurandy, a resistência é o que faz sentido para seguir no meio musical, pois somente o talento não basta. “É preciso ir abrindo uma porta aqui, outra acolá”, assegura o compositor de sucessos como “Frutos da Terra” e “Canto do Povo”, além de “Terra Vida Esperança”, regravada por nomes do forró como Genaro e Santanna O Cantador.

As três canções estão em seu disco mais recente, de 2012, homenagem feita ao Rei do Baião, com o título "Jurandy da Feira canta Gonzagão". No álbum, estão ainda a regravação de “Pense Neu”, de Gonzaguinha; “O xote das meninas”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas; e “Légua Tirana”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
Para ele, Pernambuco tem um grande mercado na música, que acaba ficando pequeno para tantos artistas, pela diversidade de ritmos. “Tem maracatu, frevo, é uma riqueza muito grande”, argumenta Jurandyr, que considera o sertanejo uma “erva daninha” do cenário artístico atual.

O artista conheceu Gonzagão em Exu e foi para o Rio de Janeiro, onde mora até hoje, no bairro de Laranjeiras, em 1976. Gravou para o Rei do Baião a música “Cafundó de Bodocó”. Depois, travou parceria com Vital Farias e gravou álbum duplo com Xangai, “Outras Cantorias”. “Ia muito na casa de Gonzaga e ficávamos ouvindo as fitas cassete que chegavam para ele. As que estavam quebradas e as de rock, ele mandava jogar fora”, recorda. Tendo como produtor o pernambucano Luís Bandeira, com quem fez amizade, gravou compacto com arranjos de Sivuca.

O batismo como Jurandy “da Feira” veio da imaginação fértil de Gonzagão.Com 18 anos, tinha ido de Tucano morar em Feira de Santana, onde era Jurandyr da Viola. Mas no primeiro disco em que apareceu seu nome depois da ida para terras cariocas, Luiz Gonzaga colocou o “da Feira”, para lembrar o lado de cantador, de poeta de cordel em feiras livres do Interior. “Ele chegou a me prestigiar num show num colégio de padres em Tucano, minha terra natal. Passou a me apelidar de “minha paz”, porque quando chegava sempre desejava a ele: “Uma paz, seu Luiz”, relembra, saudoso.

Pela gravadora Biscoito Fino, Jurandy da Feira também gravou um disco de sambas, com a participação de outros colegas do meio musical, como Tatiana Vidal e Edinho do Samba.Os contatos para shows são (21) 99512-2503 ou pelo email [email protected].

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