Dom, 21 de Dezembro

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Cinema

O Primeiro Mentiroso, de Ricky Gervais e Matthew Robinson

Falta de um pequeno aspecto da natureza humana impacta de forma colossal a formação social, histórica e emocional dos indivíduos

Mark impede um casamento em “um local para pensar no homem do céu”Mark impede um casamento em “um local para pensar no homem do céu” - Foto: Divulgação

Ousada produção de 2009, “O Primeiro Mentiroso” não teve tanta expressão nas bilheterias como o esperado investimento de 18,5 milhões de dólares. Mas consegue arrancar boas risadas do público com as diversas situações constrangedoras geradas pelas pessoas de um mundo onde não existe mentira.

O comediante, roteirista e ator Ricky Gervais (The Office; Uma Noite no Museu) interpreta o roteirista mal-sucedido Mark Bellison, que está prestes a perder tudo quando, espontaneamente, consegue mentir para se safar do despejo. 

As pessoas à sua volta preferem aceitar que há algo de errado com elas mesmas, ao invés de cogitar que Mark pode não estar falando a verdade. Ele nem ao mesmo consegue dar um nome para tal ato e, quando tenta explicar para seus amigos, acidentalmente percebe que ele tem um grande poder nas mãos.

O filme mostra claramente que a realidade é tão decepcionante que leva à depressão e ao suicídio, nas palavras do pai da psicanálise Sigmund Freud: “É impossível enfrentar a realidade o tempo todo sem um mecanismo de fuga”. Mark usa a mentira como um golpe de misericórdia para salvar vidas e dar esperanças.   

A perspectiva social abordada na narrativa mostra que, pelo simples fato de as pessoas não conseguirem mentir, as composições publicitárias, cinematográficas e comportamentos misericordioso com os mais fracos são simplesmente incompatíveis com as noções individuais.

Ao desenvolver este “poder”, ele acidentalmente cria a imagem do Homem no Céu (Deus) e no maior estilo Moisés acaba escrevendo as regras para ser salvo em duas caixas de pizza. 

O humor ácido e pesado contracena com a inocência dos personagens e a simples aceitação dos fatos pelo que eles são. O filme conta com Jennifer Garner (De Repente 30; Pearl Harbor) na pele da amada do grande mentiroso e Jonah Hill (Superbad; O Lobo de Wall Street) como o amigo depressivo e suicida de Mark.

Ao avaliar a produção como uma comédia romântica, não há uma grande inovação. Ele segue o padrão tradicional do gênero, porém é muito engraçado e a narrativa não é cansativa. Por esse motivo “O Primeiro Mentiroso” recebeu as notas: 56% no Rotten Tomatoes e 6,4 no IMDb.

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