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Peça "Ana de Ferro - a rainha dos tanoeiros" une história e ficção

Espetáculo, que estreia nesta terça-feira (29), fantasia um relacionamento entre a protistuta Ana de Ferro e o conde Mauricio de Nassau

Zambi, escravo comprado por Ana de Ferro, desejava a liberdade dos negrosZambi, escravo comprado por Ana de Ferro, desejava a liberdade dos negros - Foto: Emanuel David d'Lúcard / Divulgação

O Recife do período holandês é quase sempre enaltecido pelos feitos pioneiros empreendidos por aqui. Um lado menos comentado desta época, no entanto, é o dos romances proibidos e das noites de boemia vividas na região portuária da Cidade. É esse o cenário do espetáculo "Ana de Ferro - A rainha dos tanoeiros", produzido pelo Grupo Teatral Risadinha. A montagem entra em cartaz no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro), de 29 de agosto a 6 de setembro, terças e quartas-feiras, às 20h.

Com texto da carioca Miriam Halfim, a peça entrelaça fatos históricos e ficcionais. O enredo parte da biografia de uma personagem real, porém pouco conhecida: Ana de Ferro, uma prostituta holandesa que chegou à capital pernambucana, por volta de 1630, abrindo um bordel na antiga rua dos Tanoeiros, hoje conhecida como rua Álvares Cabral, no Bairro do Recife.

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O nome da cortesã é citado no livro "No tempo dos flamengos", do historiador José Antonio Gonsalves de Mello, que descreve a vida na então Cidade Maurícia. "Depois de ler o livro, Miriam foi pesquisar mais coisas sobre essa mulher em documentos do Arquivo Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambucano e da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Mas a peça só ganhou identidade quando a autora descobriu um poema de Vital Correa de Araújo, que imagina um romance entre Ana de Ferro e o conde Maurício de Nassau", esclarece Emanuel David D’Lúcard, diretor da montagem.

Em paralelo à história de amor entre o governador e a prostituta, outras tramas vão sendo exploradas no texto. Um exemplo é a história de Zambi, escravo comprado por Ana, cujo sonho é unir forças ao quilombo. "A história oficial é sempre contada a partir da visão dos poderosos. Essa peça traz à tona a marginalidade, entrando em questões políticas e sociais que, hoje em dia, ainda precisam ser debatidas, como o machismo, o racismo e o falso moralismo religioso", afirma o encenador.

Emanuel David D’Lúcard busca estabelecer uma ponte entre o século 17 e a contemporaneidade por meio dos figurinos, do cenário e da trilha sonora. No caso da música, Samuel Lira optou por um repertório que vai de Edith Piaf a Marília Mendonça, passando por Luiz Gonzaga. "Assim que chegar ao teatro, o público receberá um cardápio musical e terá que escolher três canções para serem executadas ao vivo, durante o espetáculo", adianta.

Outro diferencial da montagem diz respeito à posição do palco em relação à plateia. Disposto em forma de passarela, o palco divide a plateia em dois lados: homens e mulheres. "Em determinados momentos, o elenco fala diretamente par a plateia feminina e os homens veem através de uma cortina de voal. A gente parte da ideia de que há determinadas dores que só elas conseguem compreender", explica. A produção tem apoio do Funcultura.

Serviço
Espetáculo "Ana de Ferro - A rainha dos tanoeiros"
Quando: de 29 de agosto a 6 de setembro, terças e quartas-feiras, às 20h
Onde: Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro, rua Treze de Maio, nº 455)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (81) 3216-1728 

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