Pesquisa do IBGE aponta 98,8% da população acessando a internet por celular
Números dos Indicadores Culturais mostram que 90% dos domicílios brasileiros têm TVs de tela fina e aumento nos serviços pagos de streaming
A maioria absoluta dos brasileiros que acessa a internet, faz através do telefone celular (98,8%) e um dos principais objetivos é assistir a vídeos (incluindo programas, séries e filmes). Esses números estão na sétima edição do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), do IBGE. O estudo reúne dados de pesquisas realizadas pela instituição, a exemplo do Censo Demográfico 2022 e da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, e junto a outros órgãos, como o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com números de investimento público, empregabilidade e consumo do setor no período.
Entre os dados mais relevantes, o levantamento aponta que, em 2024, 89,2% das pessoas com 10 anos de idade ou mais acessaram a internet, um aumento de cerca de 35% em relação aos mesmo dado de 2016, quando 66% da população acessaram a rede. Dos usuários, a maioria absoluta acessou por meio de telefone celular (98,8%), seguido da televisão (53,5%). A presença de TVs de tela fina (dentre elas, as smarTVs, com acesso à internet) também teve um grande crescimento na comparação entre 2024 e 2016, subindo de 65,3% a 90,5% dos domicílios com o equipamento. O acesso a serviço pago de streaming de vídeo também apresentou aumento entre 2022 (quando começou a ser pesquisado) a 2024, indo de 10,9% a 11,4% dos domicílios.
Entre as finalidades relacionadas à fruição cultural, assistir a vídeos (incluindo programas, séries e filmes) é o que leva 88,5% das pessoas com mais de 10 anos de idade a acessarem à internet. Em seguida vem ouvir músicas, rádio ou podcast (83,5%), ler jornais, notícias, livros (68,8%) e jogar, seja por console de videogame, celular ou computador (30,3%). No recorte de cor ou raça, homens brancos lideram os acessos em todas as atividades relacionadas, em relação aos outros grupos (homens pretos ou pardos, mulheres brancas e mulheres pretas ou pardas). O último grupo é o que menos menos acessa para a atividades pesquisadas, sendo o que menos buscou na rede materiais de leitura (65,5%).
Jogar aparece como uma atividade mais masculina, com números semelhantes entre homens brancos (38,2%) e pretos ou pardos (36%). No recorte etário, jogar é mais recorrente nos grupos de 10 a 14 anos (71,8%) e de 15 a 29 anos (47,3%). Em nível de instrução, a atividade é a única na qual os grupos sem instrução ou fundamental incompleto (30,1%) e ensino fundamental completo ou médio incompleto (35,1%) está à frente das demais. Os grupos com ensino médio completo ou superior incompleto e superior completo lideram os acessos à internet para assistir a vídeos (91,6% e 94,6%, respectivamente), ouvir músicas, rádio ou podcast (88,1% e 91,9%) e busca por materiais de leitura (76% e 88,6%).
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Mercado de trabalho
Em relação ao mercado de trabalho, o levantamento aponta que, em 2024, 5,9 milhões de pessoas estavam em atividades ou ocupações culturais (formais ou informais), equivalente a 5,8% do total no país, no maior valor da série da Pnad Contínua apurada desde 2014. Entre 2013 a 2023, a participação das empresas formalmente constituídas (com CNPJ) do setor cultural subiu de 8% para 8,6%, entre as áreas estudadas, embora a participação na receita líquida tenha recuado de 7,7% para 5,6% do faturamento total. A receita líquida do setor foi estimada de R$ 910,6 bilhões, em 2023, contribuindo com um valor adicionado de R$ 387,9 bilhões para a economia nacional.
Comparado ao total da população, o setor cultural oferece mais vagas para nível de instrução mais elevado, nos números levantados entre 2014 e 2024 (30,1% com superior completo contra 23,4% com a mesma escolaridade em ocupações fora dessa área). No entanto, é o setor com o maior nível de informalidade (44,6% dos profissionais não formais contra 40,6% em outras atividades). O rendimento real da população ocupada em atividades culturais (incluindo trabalhadores formais e informais) foi de R$ 3.266 por mês em 2024, numa retração de 2% em relação ao ano anterior.
Em 2022, o setor representava 6,8% das empresas, 4,2% dos ocupados e 3,5% dos assalariados, segundo dados do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do IBGE (devido a mudanças metodológicas nas estatísticas do Cadastro, a série histórica foi reiniciada em 2022). Neste ano, o estudo apontou que 9,5% dos MEI ( Microempreendedor Individual) do país (1,4 milhão) estavam no setor cultural, concentrados em atividades relacionadas à publicidade, artes visuais e artesanato.
Orçamento público
Nos gastos públicos, a pesquisa aponta que a despesa com cultura no total de desembolsado pelas três esferas de governo caiu de 0,40% em 2013 para 0,38% em 2023. Apenas em relação aos municípios, houve recuperação em relação a 2013 (de 1,05% para 1,09%), com queda nos pagamentos estaduais (de 0,46% para 0,39%) e federais (de 0,09% para 0,04%). Ainda assim, os gastos públicos com cultura cresceram 122,4% entre 2013 e 2023, de R$ 8,5 bilhões para R$ 18,9 bilhões, em termos nominais. Após queda entre as porcentagens gastas entre 2013 e 2021 (quando atingiu o menor patamar de gastos públicos, de 0,27% do total), os recursos para o setor voltaram a se recuperar nos anos seguintes, chegando a 0,31% do total em 2022 e 0,38% em 2023.
O aumento das gastos públicos nos últimos anos apontam as contribuições para o setor das leis Aldir Blanc (LAB) e Paulo Gustavo, aprovadas em meio à pandemia de Covid-19 para socorrer profissionais, empresas e instituições que não puderam desempenhar suas funções durante a quarentena.

