Piadas inusitadas e banhos de sangue na série "Ash vs Evil Dead"
Continuação do filme "A morte do demônio" (1981), primeira temporada da série entra no catálogo da Netflix
"A morte do demônio" (1981) se tornou cult entre filmes de terror. A premissa é comum no gênero: amigos estão isolados em uma cabana no meio da floresta e precisam enfrentar forças malignas.
Feito com o pequeno orçamento de US$ 350 mil, o longa virou um sucesso inesperado, se tornou espécie de lenda pela forma como foi feito e acabou gerando uma trilogia assinada por Sam Raimi. Em 2015, a franquia se transformou em um projeto curioso: a série "Ash vs Evil Dead".
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A Netflix colocou a primeira temporada em seu catálogo (a terceira está prevista para estrear nos Estados Unidos em fevereiro). O roteiro parte de uma premissa peculiar: revisitar o personagem principal do filme 30 anos depois. Ash (Bruce Campbell) é tão imaturo quanto aloprado.
É o clichê do herói forte, bruto e também um tanto burro, um lobo solitário que é mais poderoso e corajoso do que propriamente inteligente. É o protagonista ideal para esse frenesi de ação, comédia e horror, feito de carros em alta velocidade, piadas inusitadas e banhos de sangue.
Durante uma noite de bebedeira e sexo, Ash fica completamente embriagado e lê, para impressionar sua parceria, um trecho do livro maligno do filme original que ele guarda em seu trailer, escrito com sangue e encapado com pele humana.
Isso desperta um grande mal, que ameaça trazer o inferno para a Terra e transformar as pessoas em mortos-vivos. Ash então parte em uma jornada cômica e extremamente sangrenta em busca de uma solução, armado com uma espingarda e uma serra elétrica.
Antes de despertar a ira do inferno de forma tola e casual, Ash trabalhava como atendente em um supermercado. Em sua jornada, ele conta com ajuda de Pablo (Ray Santiago) e Kelly (Dana DeLorenzo), colegas de trabalho.
A relação dos personagens tende à comédia, com surpresas variadas no percurso. É interessante notar a maneira como o roteiro evolui esse enredo e esses personagens, sempre tomando atalhos criativos e engraçados de um jeito absurdo.
Nesta primeira temporada, além de enfrentar demônios, Ash e seus amigos combatem também humanos que acreditam que ele é a causa de tudo. São dez episódios de curta duração (variando entre 20 e 40 minutos) que parecem resumir com intensidade essa jornada improvável para salvar o mundo.
A série é uma mistura bruta e excêntrica de horror, ação e comédia. Uma brincadeira que aproxima diferentes gêneros e os transforma em caricaturas cativantes e vagamente familiares, sem nunca se levar a sério.
Não há qualquer sentido de delicadeza: cabeças explodem, personagens andam pela cidade encharcados de sangue enquanto lutam contra o fim do mundo, movidos por um sentido cômico e às vezes trágico de sobrevivência.
Falta orçamento para intervenções digitais, mas esse descompasso entre vontade criativa e execução é justamente o que torna a série mais intrigante. É o charme do exagero, o fascínio pela overdose de informações.
Cotação: bom

