Sáb, 13 de Dezembro

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Quem são os herdeiros de Arlindo Cruz, que viveram duas vidas antes e depois do AVC

Sambista, autor de 795 obras musicais, viveu os últimos anos ao lado da família, especialmente da esposa, Babi Cruz

Arlindo Cruz com Arlindinho, Flora e a esposa, Babi (à dir.); sambista aparece ao lado de Kauan Felipe Arlindo Cruz com Arlindinho, Flora e a esposa, Babi (à dir.); sambista aparece ao lado de Kauan Felipe  - Foto: Reprodução/Instagram

Arlindo Cruz deixou os palcos há cerca de oito anos, após sofrer um AVC durante um banho. Desde o acidente, ocorrido em 2017, o sambista — que morreu na última sexta-feira (8), aos 66 anos — ficou impossibilitado de trabalhar e passou a ser cuidado pela família, especialmente pela esposa Bárbara Cruz, a Babi, e pelos três filhos: Arlindinho, Flora e Kauan Felipe (o último, fruto de uma relação extraconjugal). Os quatro são os herdeiros diretos do artista, compositor de sambas emblemáticos da música brasileira.

Ao longo de sua carreira, Arlindo Cruz teve 795 obras musicais, além de 1.797 gravações cadastradas no banco de dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad).

De acordo com a legislação brasileira, os direitos patrimoniais de um autor — e também intérprete, no caso de uma canção — devem ser geridos por seus herdeiros diretos, os únicos com poder de realizar o uso comercial, a reprodução e a distribuição das obras. Os direitos perduram por 70 anos contados de 1º de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento.

 

Nos últimos anos, o valor recebido por Arlindo com seus direitos autorais era usado majoritariamente em seu tratamento. De acordo com a filha Flora, somente com o plano de saúde eram gastos cerca de R$ 30 mil. “São sete anos de AVC e a gente paga R$ 30 mil por mês de plano de saúde. Só que meu pai não canta mais, então o dinheiro de direitos autorais é pra cuidar da saúde dele”, disse ela durante sua participação no reality “A fazenda”, da TV Record.

Antes do acidente, a filha tinha uma vida com alguns luxos. “Até os meus 12 anos, era dondoca, tinha motorista, segurança. Tinha tudo. Fui do céu ao inferno”, disse ela.


Com a nova condição financeira após o AVC, ela conta que precisou “arregaçar as mangas e enfrentar a realidade da vida”, uma situação que precisaram seguir ao longo dos anos. Durante o período em observação, Arlindo passou por cinco cirurgias na cabeça e, segundo a filha, o plano não tinha total cobertura para as necessidades do tratamento do pai. “Lá em casa se eu não trabalhar, se minha mãe não trabalhar, se meu irmão não trabalhar, a gente não sustenta a nossa vida”, afirmou ela no programa.

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