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Ricardo Cavani Rosas volta a expor no Recife

Artista traz mostra de desenhos, pinturas e esculturas no Barchef, em Casa Forte

Carteira de Trabalho físicaCarteira de Trabalho física - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

 

No início do século 20, o ser humano vivia angustiado com a perda da liberdade que as agruras do pós-guerra e de uma iminente Segunda Grande Guerra anunciavam. A ansiedade existencialista não tardou a incomodar a vanguarda artística, que não via mais a representação da realidade exterior do Impressionismo como suficiente para expressar o sentimento daquele momento. Nascia o Expressionismo, retrato artístico da alma. É a esse movimento que o artista Ricardo Cavani Rosas recorre para falar de uma mesma angústia pela qual atravessa o homem do século 21. Em desenhos feitos em bico de pena, a versão de Cavani da ansiedade contemporânea é mais orgânica do que há um século. Na obra “Abraço”, dois indivíduos envolvem um ao outro como se quisessem se salvar pelo contato físico, tão intenso e longo que chega a criar raízes mais duradouras do que a efêmera curtida na rede social.

Após três anos sem fazer uma mostra individual no Recife - a última foi em 2013, na Casa do Cachorro Preto -, o artista Ricardo Cavani Rosas volta a expor nesta terça-feira (20), às 19h, no Barchef, em Casa Forte. Além de exibir esses trabalhos - que farão parte de uma exposição a ser realizada em Berlim em 2017, - Cavani estará no casarão da Zona Norte in loco, produzindo, para que o público possa conferir de perto a técnica do bico de pena, que está desaparecendo. Culpa do imediatismo. “Quando dou aula de desenho com essa técnica, tenho até dificuldade de conseguir alunos porque eles querem ver logo o resultado do desenho. Pode levar de um a dois meses para ficar pronto. É preciso ter paciência”, avisa. Para atingir essa virtude cada vez mais inalcançável, até técnicas de respiração Cavani precisa compartilhar com seus discentes.

Pela vontade de ensinar, o artista tem vivido entre o Recife e o Rio de Janeiro. Já deu aula no Parque Lage e está em negociação para lecionar no Instituto Europeu de Design.

Nessas idas e vindas, ele concebeu desenhos iconográficos de prédios antigos, daqui e de lá, e ainda de ambientes internos de lugares comerciais icônicos. O objetivo, diz ele, é principalmente documental, pois acredita que desaparecerão pela voracidade capitalista. “Alguns já foram comprados por grandes bancos e serão demolidos”, comenta. Entre os desenhos, destaque para o Parque Lage, no Rio de Janeiro, e o interior da venda de Seu Vital, no Poço da Panela. “Pretendo fazer mais desenhos de pontos comerciais históricos cariocas que estão fechando por causa da crise. Minha ideia é fazer uma mostra no Rio, com cerca de 50 desenhos”, adianta.

 

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