Sally Rooney diz poder ser impedida de publicar livros no Reino Unido por apoiar grupo pró-palestina
Considerada terrorista pelo governo britânico, Palestine Action acusa Israel de cometer genocídio em Gaza
A escritora irlandesa Sally Rooney, autora de “Pessoas normais” e um dos nomes mais celebrados da ficção contemporânea em língua inglesa, afirmou a um tribunal londrino que talvez seja impedida de publicar seus livros no Reino Unido devido a seu apoio ao grupo Palestine Action, informou o jornal britânico The Guardian.
A autora já expressou publicamente a intenção de usar os rendimentos de seus livros para financiar a rede pró-Palestina, que acusa Israel de manter um regime de apartheid e cometer genocídio na Faixa de Gaza.
Em julho, o Palestine Action foi considerado um grupo terrorista pelo governo do Reino Unido e seus apoiadores podem sofrer consequências judiciais. Rooney participa da ação judicial que visa reverter a inclusão do Palestine Action na lista britânica de organizações proibidas. Por escrito, a irlandesa disse ser altamente provável que, enquanto o grupo estiver banido, ela não poderá lançar seus livros no Reino Unido.
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“Se o Palestine Action ainda estiver proibido quando meu próximo livro for publicado, ele estará disponível em dezenas de países, exceto no Reino Unido, porque ninguém poderá publicá-lo. A menos, é claro, que eu concorde em disponibilizá-lo gratuitamente”, afirmou a escritora.
A decisão de doar parte dos rendimentos de seus livros ao Palestine Action levou Rooney a cancelar uma viagem ao Reino Unido para receber um prêmio literário por receio de ser presa. A autora disse ainda que a incerteza jurídica dificulta prever as consequências da medida sobre seus livros já publicados. Segundo ela, é possível que a editora Faber & Faber seja impedida de pagar seus direitos autorais, o que poderia levar à retirada de suas obras das livrarias britânicas.
“Meus romances foram populares e influentes na Grã-Bretanha. O desaparecimento deles das livrarias seria uma intervenção extrema do Estado na expressão artística”, afirmou a escritora, que descreveu o Palestine Action como um movimento “corajoso e admirável”, dedicado a impedir crimes contra a humanidade por parte de Israel. Acrescentou também não ver razão para deixar de apoiá-los a não ser a “conveniência pessoal e profissional”.
O tribunal também ouviu o advogado Adam Straw, representante de Ben Saul, relator especial da ONU para a proteção dos direitos humanos no combate ao terrorismo. Ele afirmou haver um “consenso emergente” de que a proibição do Palestine Action constitui interferência ilegal segundo o direito internacional e que a definição de terrorismo não deveria incluir danos graves à propriedade.
Representando o governo britânico, o advogado James Eadie defendeu que o Parlamento tem o direito de definir terrorismo da forma como quiser. “O parlamento decidiu que terrorismo inclui danos significativos à propriedade, com ou sem violência contra pessoas”, declarou.
A Polícia Metropolitana de Londres informou que 143 pessoas foram presas na quarta-feira (26), do lado de fora do tribunal, por suposto apoio ao Palestine Action. O julgamento deve ser concluído na próxima terça-feira (2).

